O agronegócio, força motriz da nossa economia, na próxima década será responsável por um reposicionamento do Brasil no tabuleiro geopolítico mundial. Sendo um dos poucos países capazes de aumentar sua produção sem comprometer os recursos naturais, o Brasil tem tudo para assumir um papel de protagonista no mercado global de produção de alimentos e agroenergia.
Potência agrícola
Certeza embasada pela avaliação de que a demanda mundial por alimentos continuará crescendo acima da oferta, o que garante a manutenção dos preços aquecidos das commodities agrícolas por um bom tempo, sustentada pelas importações de países como a China e a Índia.
Nosso domínio se reflete nas fatias conquistadas no mercado internacional, com o açúcar respondendo por 54,8% de todo o comércio global, a carne de frango com 44%, o café verde/grão por 36,1%, a soja/grão 30,8%, o farelo de soja 23,3%, o óleo de soja 15,2%, a carne bovina 28%, só para destacar os principais.
Em maio, o setor agrícola bateu um novo recorde ao alcançar US$ 82 bilhões em vendas no acumulado de 12 meses. Valor que representa 37% dos US$ 224,4 bilhões exportados pelo País.
Da porteira pra dentro
A produção de grãos já deverá totalizar 161,milhões de toneladas na da safra 2010/11, 8,2% mais que no ciclo passado, representando um novo recorde histórico.
Com o mercado aquecido, as vendas de insumos e fertilizantes em alta, recursos garantidos para o aumento da produtividade, via pesquisa e inovação, e a possibilidade de novos investimentos na infraestrutura de transporte e logística, poderemos atender o mercado interno e nos empenharmos em avançar nas exportações.
PAP
Todavia, nem só de superlativos vive o nosso agronegócio e o Ministério da Agricultura (Mapa) deixou isto claro ao lançar o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) que prevê R$ 100 bilhões para financiar a próxima safra, o desafio de atender toda a nossa estrutura fundiária, formada por 5,1 milhões de estabelecimentos rurais.
De acordo com o valor da produção, 78% dos estabelecimentos rurais têm renda abaixo de dois salários mínimos e reclamam por mais medidas sociais de apoio, mas acima de tudo eles precisam de uma injeção de produtividade e eficiência, com assistência técnica, crédito de longo prazo e economia doméstica.
Para os outros segmentos, as demandas são mais complexas, com oferta de crédito a taxas competitivas com o exterior, seguro agrícola, redução do custo Brasil, exportações desburocratizadas e combate aos subsídios dos países ricos.
Como vemos, são demandas diversas, mas vale destacar os objetivos do PAP:
- Expandir de 161,5 milhões para 169,5 milhões de toneladas a produção de grãos, fibras e oleaginosas;
- Estimular a Agricultura de Baixo Carbono (ABC) para mitigar as emissões de efeito estufa;
- Incentivar a recuperação de pastagens;
- Promover a renovação e ampliação das áreas cultivadas com cana-de-açúcar;
- Garantir o apoio à comercialização para os citricultores;
- Suprir volume adequado de recursos do Sistema Nacional de Crédito Rural (CNCR);
- Reforçar o apoio ao médio produtor rural;
- Manter e aperfeiçoar os programas específicos de investimento.
O PAP não é perfeito, ainda existem demandas específicas de alguns setores, embora seja importante destacar que o Plano Safra tem mais pontos positivos do que negativos, há muito a avançar, principalmente no que tange a atenção especial aos pequenos e médios produtores, tais como seguro de renda, assistência técnica e recuperação de áreas degradadas.
Por outro lado, é fundamental mitigar os gargalos da porteira para fora. É importante lembrar que estes números do nosso agronegócio poderiam ser ainda melhores, não fosse a acessiva valorização cambial, as barreiras protecionistas, o elevado Custo Brasil, envolvendo os gargalos históricos no setor de transporte e logística, questões tributárias a falta de perenidade das políticas públicas. O céu é o limite para o nosso homem do campo, mas é preciso que façamos a lição de casa para tornar realidade o que dizem as pesquisas mundo a fora, que o Brasil seja o “Celeiro do Mundo”.
Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP)