Na última segunda-feira, dia 26 comemorou-se o Dia Nacional do Surdo, data em que são relembradas as lutas históricas por melhores condições de vida, trabalho, educação, saúde, dignidade e cidadania. A data foi escolhida devido ao fato desta data lembrar a inauguração da primeira escola para Surdos no país em 1857, com o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, atual INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos.
Toda esta história começou em 26 de setembro de 1857, durante o Império de D. Pedro II, quando o professor francês Hernest Huet fundou, com o apoio do imperador o Imperial Instituto de Surdos Mudos. Huet era surdo. Na época, o Instituto era um asilo, onde só eram aceitos surdos do sexo masculino. Eles vinham de todos os pontos do país e muitos eram abandonados pelas famílias.
O grande sofrimento de uma pessoa com deficiências auditivas, sem nenhuma dúvida é o preconceito. Durante muitos anos, os surdos eram tratados com dementes, e muitos até se tornavam mesmo, devido ao tratamento que recebiam.
O silêncio era a única companhia que dispunham. A sociedade nunca esteve preparada para entender que o fato de não poder ouvir e falar, não determinava a capacidade de raciocínio. Aliás, normalmente um surdo é muito mais inteligente do que a maioria das pessoas, pois eles desenvolvem o que todos deveriam desenvolver: a capacidade de observar, ou seja, a empatia que é a mola mestra da inteligência emocional.
A linguagem dos sinais, além de proporcionar perfeitamente a comunicação, dá ao surdo à capacidade de se comunicar em um ambiente de barulho intenso, coisa que não é possível com a comunicação verbal.
Os surdos tem a capacidade de extrair o que é de mais belo na humanidade. Eles conseguem a pureza das emoções. Não existe nada mais belo do que ver a expressão corporal de um surdo. O mundo do silêncio é um mundo cheio de beleza, que as pessoas ditas normais não conseguem observar.
Quando você se encontrar com um surdo, apenas fale pausadamente com ele, sempre de frente. Não existe a necessidade de gritar, e muito menos achar que está diante de um débil mental.
É importante que o sistema educacional do Brasil esteja apto a ensinar os surdos, pois é fundamental a integração social dos mesmos. O surdo pode dirigir e seu carro tem a placa verde com uma tarja em diagonal vermelha. É bom salientar que um surdo dirige melhor do que muita gente. Eles desenvolvem certas habilidades que uma pessoa normal jamais poderia fazer.
São mais atentos ao retrovisor, têm uma percepção muito desenvolvida. No caso de ambulâncias não precisam ouvir a sirene pela velocidade, faróis etc. já sabem. Prestam mais atenção na rua, nas pessoas e conhecem as pessoas pelo olhar, gestos etc.
Que a data de comemoração do dia do surdo, possa apenas ser uma formalidade, pois todos os dias devem ser dedicados a quem vive a plenitude da vida.
Antônio Lima Braga Júnior
toninho.braga@hotmail.com
Votuporanga - SP