“Depois a gente tuwita!” - “Manda um post!”. Essas e inúmeras outras frases interneteanas circulam bilhões de vezes por minuto no universo web e são exemplos de um novo jeito de se comunicar. A onda me preocupa, pois contagia crianças, adolescentes e adultos.
A forte influência das redes sociais faz vizinhos, amigos, parentes, gente até mesmo com estreitos vínculos fraternos , trocar as tradicionais conversas pessoais pelo papo coletivo das mensagens interativas.
Até o namoro agora é virtual. Comum ouvir nas paqueras de baladas “entra no meu Facebook e a gente conversa”.
A convergência do conteúdo na web é um precioso bem da humanidade, mas avança desenfreadamente como meio alternativo de comunicação de massa. Concordo com as redes sociais, o debate em questão é o isolamento do homem a redutos on-line.
A preocupação reside no exagero adotado pelos brasileiros na troca dos contatos físicos pelos virtuais. Somos um dos líderes mundiais em conexão na internet (tempo de navegação).
Basta olhar para o colega da mesa ao lado ou conferir o que a família anda fazendo.
Você mesmo já deve ter dado umas clicadinhas hoje. Claro, a internet é uma ferramenta indispensável ao estudo, trabalho, lazer, etc.
Começar o dia com as notícias da cidade, a previsão do tempo, conferir o capítulo da telenovela, enviar a saudação matinal à pessoa amada, ver o perfil da galera ou buscar uma gatinha na web é tudo de bom. Sem falar daquele filmezinho proibidão...
O desastre é deixar a internet comandar nossa vida. Para muitos, isso é realidade. Independentemente de idade e nível social, é crescente a influência do mundo virtual no cotidiano real.
Já ousou conversar com alguém que esteja conectado, em pleno bate-papo pelo MSN ou qualquer comunicador instantâneo? É terrível. A pessoa não consegue se concentrar, às vezes ignora sua presença para “teclar”.
Você deve ter presenciado isso em casa, na frente do chefe, do colega de trabalho e até escritório de autoridades.
Ninguém escapa das garras da net. Recentemente, um juiz despachava em seu gabinete, e, simultaneamente, estava metido em um conflito particular na internet. Fatidicamente, quando ditava a sentença misturou as ideias e pensou alto. Graças à esperteza da escrevente do magistrado, uma gafe jurídica foi evitada.
Já um advogado não teve tanta sorte. Entregou uma petição no fórum com a seguinte frase perdida no meio do texto: ...noite inesquecível e deliciosa. Quero mais hoje! (ele se comunicava pelo computador ao digitar o documento). O referido processo foi para as mãos de uma juíza. Imagina o transtorno vivido pelo causídico.
São pequenos exemplos da influência da internet no trabalho e na vida de todos nós. Mas ela é tão maléfica para a odiarmos?
A resposta é negativa. Vamos escapar das armadilhas da REDE. Se bobear, ela te arrasta como um peixinho desprotegido. Foi assim com o surgimento do celular. A gente ligava para o vizinho do lado para dizer bom dia. Atualmente assimilamos seu uso. Ele se incorporou ao cotidiano. Vislumbro algo parecido para as futuras gerações. Notebooks, celulares, etc pendurados em andróides interagindo ciberneticamente. É viver para ver.
*José Luiz Lançoni é jornalista