Considerando a educação como o progressivo e continuado lapidar a alma humana, desentranhando suas potencialidades, ela se torna a arte que passa, necessariamente, pelo afeto, por requerer a confiança entre educador e educando.
Inicialmente, a educação do afeto e das emoções precisa começar no seio familiar. A qualidade das relações que a criança e adolescente respira e vivencia na família é decisiva na orientação do seu afeto. Da mesma forma, a quantidade e a qualidade dos estímulos que a criança recebe tornam-se fundamentais na formação de sua personalidade
Há muitas emoções e inclinações na alma humana que não são aceitáveis socialmente, uma vez que expressam a dimensão perversa da agressividade, ao mesmo tempo em que revelam individualismo, egocentrismo e busca desenfreada do princípio do prazer, incompatíveis com a vida em comunidade. Por isso, a presença dos pais deve atender a esse cuidado especial de canalizar as energias dos filhos para a qualidade das relações humanas.
A mediação dos pais na educação dos filhos costuma ser verificada em três direções: repressão, indiferença e diálogo. Entre a repressão autoritária das emoções dos filhos e a negligência ou indiferença dos pais está a arte da educação do afeto, através do diálogo transparente.
Entre as decorrências mais recorrentes, advindas da presença autoritária ou indiferente dos pais, estão os sentimentos de elevada ansiedade, de incompetência, que se traduzem no baixíssimo nível de aprendizado e de realizações e nos desvios comportamentais dos alunos, como atitudes de fechamento sobre si e de intolerância em relação aos demais. Formam-se pequenos ditadores.
muito mais difícil para a escola e os educadores do ensino básico proceder à necessária conversão afetiva para os princípios e valores da democracia participativa. De qualquer modo, não nos parece haver outro caminho mais indicado a não ser o de proporcionar vivências, situações que interpelem os alunos para a vivência de valores e formação de atitudes que demandam conversão afetiva.
Um processo verdadeiramente educativo é também marcado pela desconstrução, pela ruptura, pela descontinuidade, uma vez que é marcado pela promoção de um pensamento autônomo, critico e criativo. Dessa forma, educar para a progressiva maturidade afetiva revela-se condição necessária para a habilidade da resolução de problemas e de situações conflitivas.
*Celito Meier é teólogo, filósofo e educador