*Prof. Manuel Ruiz Filho
A dispensa do trabalho é um ato legal. Quando o empregador não está satisfeito com os serviços executados pelo empregado, ele o dispensa. Quando o empregado não está satisfeito com o emprego que executa, ele pede sua dispensa. Isso é uma atitude legal e moral. Está contemplada na CLT - Consolidação das Leis do Trabalho. O que não pode acontecer e é imoral, indecente e escabroso é que a parte que dispensa não o faz com dignidade. Não justifica a dispensa ao dispensado, ou melhor, não discute com ele o desacerto acometido, caso haja. Olha, dispensar um trabalhador porque é rígido ou porque cumpre suas funções obrigando seus comandados a executarem tarefas é, no mínimo, incompetência de quem o faz. Reclamações de subordinados sempre irão aparecer, mesmo porque em qualquer setor de trabalho tem muita gente ocupando cargos sem aptidões e competências. Muitos ocupam cargos politicamente e não por méritos, todo mundo sabe disso. Um setor de trabalho quando não quer por questões diversas um funcionário, pede para que ele seja remanejado para outro. Se este funcionário foi transferido porque não cumpria suas obrigações no setor em que estava, no outro setor estará motivado a não cumpri-las também, mesmo porque ele sabe que faz parte de um jogo nojento e escabroso de muitas pessoas. Casos no âmbito público, pior ainda porque cada um não passa de uma matrícula de registro nos anais desse poder. Ninguém consegue sentir-se como pai de família desempenhando função pública. No setor educacional tenho uma caminhada razoável, mas brilhante para mim. Desde 1982 eu leciono e levo minha experiência profissional para jovens. Felizmente tive duas concomitantes oportunidades de emprego nesse setor por dois astros do ensino a quem devo muito do que aprendi. Professora e Educadora Olga Balbo e Professor Nivaldo Melara, administradores natos que deixaram saudades nesse ramo. Claro que não posso esquecer o nome de outra pessoa que foi a célula viva da minha aspiração pela sala de aula: professor José Antônio Garcia de Carvalho – Palestra. Esse foi e será meu eterno padrinho nessa profissão que amo. Esclareceu-me um dia esse senhor: “O ensino precisa de apenas dois elementos: professor e aluno. O resto é dispensável. Diretores, secretários, coordenadores, assistentes, prédios bonitos e confortáveis etc., nada disso é preciso”. Concordei na época com ele e o tempo nunca me fez discordar. Infelizmente, também há muita política nesse setor que dá vergonha. Eu também fui vítima de jogo político. Em junho de 2003 era coordenador de um curso superior. Fui chamado pela Reitora e seu assessor advogado para que eu pedisse, como coordenador, a dispensa de dois professores do meu curso. Claro que era isso que eles iriam dizer a eles: “não somos nós que estamos pedindo, é o seu coordenador”. Pelas qualidades desses profissionais e pela minha formação de berço de nunca cometer injustiças, disse que não iria fazê-lo. Não era minha função dispensar professor comprometido e responsável com as regras do meu curso. No final daquele ano, por não ter cumprido a politicagem, fui dispensado injustamente pela direção. Aliás, quem assina a dispensa tem sido um ocupante de cargo de presidência daquilo que pouco entende, ressalvadas as exceções. Ato legal, mas presunçoso e imoral. Aceitei as regras do jogo. Fui embora. Outras portas me abriram e nem por isso deixei de praticar a missão que Deus me atribuiu de ensinar aos jovens caminhos profissionais que devam trilhar em suas vidas. A derrota, por vezes, é uma vitória adiada. Para mim, o foi. Quem prejudica alguém por questões banais, planta, e com certeza, a colheita lhe será farta.
*Prof. Manuel Ruiz Filho
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