Percebo que em algumas poucas pessoas, neste universo de milhões do Brasil, existe uma inconformidade com o que vem acontecendo no país. É possível que as muitas outras não se manifestem por serem mal informadas, ou porque se desinteressam mesmo com as coisas. Se por mal informação já é um problema ruim, imagine então por desinteresse. A pergunta que fica é: onde vamos parar?
Continuo pensando que sem uma ampla reforma política, daquelas bem sérias que transformem os partidos em grupamentos democráticos, esse nosso Brasil vai continuar patinando na verdadeira melhoria do bem-estar geral. O pão e circo vão perdurar por muito tempo se o nosso Congresso Nacional não sofrer uma sacudidela, com uma renovação profunda dos seus membros. E essa sacudidela só vai acontecer se houver a reforma política e, também, quando a população entender que não é por frequentar quase todas as reuniões que um parlamentar deve ser considerado como bom e eficiente. Essa forma de avaliação pode ser interessante, mas ao mesmo tempo, nivela essas tais de avaliações por baixo. O parlamentar deveria ser analisado pelos seus projetos e sua conduta em defesa da nação, jamais por pronunciamentos que não levam a nada e só servem para serem difundidos através da internet, ou pelas tais de verbas que colocam dependendo de seus interesses eleitoreiros momentâneos.
A democracia tem como pressuposto o equilíbrio de poderes e, o Congresso, dos países onde esta impera, pelos debates que promove. Quando isso ocorre com grandeza, o povo sempre sai ganhando, pois, do contrário, instala-se o compadrio e as mazelas que assistimos todos os dias. Por isso mesmo, pensa este articulista, também, a população começa ficar alheia ao que ocorre pelo descrédito que passa ter dos parlamentares.
Nem todos os parlamentares são omissos em suas obrigações, sempre existem alguns bastantes esforçados que se preocupam com o país e não apenas com os fuxicos das tais de bases. Existem parlamentares que se preocupam seriamente com a atenção à saúde, outros com a educação, com os transportes e outras necessidades mais. Portam-se com grandeza, buscam eficiência e trabalham pelas suas convicções. Muitos outros, temos visto com muita transparência, são corporativistas, ora em defesa descarada de suas mordomias, ora em defesa de seus grupos, sejam eles grupos ou grupetos. Esses últimos parlamentares ao se meterem a transformar projetos de seus interesses em Leis, só causam mais despesas para o país.
Penso até que as palavras “reforma política” devem tirar-lhes o sono, mesmo porque as correlações de votos podem mudar e alguns que apenas se elegem na garupa de outros jamais voltariam para suas cadeiras. Mas, que uma reforma política é urgentemente necessária isto é verdade.
E, vejam bem, com um Congresso respeitado e dotado de pessoas com forte personalidade e bem intencionadas, não há poder Executivo que tome atitudes tresloucadas sem levar sua reprimenda, ou que, no extremo, seja desautorizado.
Pois é, visto assim, dá para entender que as coisas podem ser melhores, bastando que a população se interesse um pouquinho mais e desde já comece pensar em colocar uma turma nova lá em Brasília.
Sempre é tempo para avançar e, assim acontecendo, os inconformados passarão ter novas esperanças.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados