Grazi Cavenaghi (Foto: Divulgação)
Seja incrivelmente bem-vindo aqui na nossa 22ª semana do ano. Hoje resolvi trazer à tona um assunto que nos distrai de quem realmente somos… Quantas vezes você está em uma mesa de restaurante e alguém começa a falar mal de outra pessoa? Ou no trabalho? Ou na sua família? Falar do outro é tão normal na nossa vida que, na maioria das vezes, nem percebemos. A fofoca imediatamente conecta e a conversa flui.
Leandro Karnal diz que, quando duas pessoas falam de uma terceira, criam uma aliança, uma identidade, uma amizade. Agora se tornam amigas por falar mal de tal pessoa. Olhem que conexão sem sentido: unidos por falarem mal de outros!
Nós temos esse hábito impregnado no nosso cotidiano. Quando eu me “assusto” com atitudes dessas pessoas e comento, estou sendo igual, pois estou cometendo uma detração. Detração é o título de um dos livros de Karnal e, nas palavras do autor, nada mais é do que “me considerar melhor ou superior àquele de quem falo mal.” No dicionário, esse substantivo feminino significa: maledicência, difamação, menosprezo, depreciação.
Isso nos explica muitas situações. Por exemplo: quando vemos um colega de trabalho falando do outro, não seria, nessa situação, a sua necessidade de se sentir superior? Não consegue ter a coragem do outro, não consegue fazer como o outro, então resta a crítica. Isso lhe dá um falso sentimento de que ele pode ser melhor, de que ele é melhor. É um recurso para alimentar o ego. Em muitos casos, a crítica nem é verdadeira, pois ela, na maioria das vezes, vem do “achismo”, da “fantasia” de quem a produz.
Por que as pessoas se sentem bem detratando o outro? E por que fazem isso com tanta frequência? Por que fazem isso com amigos? Parentes? Irmãos? Desconhecidos?
Lembro-me aqui de uma passagem do livro Felicidade Construída, de Paul Dolan, pois começo a pensar — e isso é “achismo” meu e “detração” da minha parte — que essa necessidade de “falar mal do outro” pode ser a falta de felicidade na própria vida. No livro: “Não surpreende que não sejamos tão felizes quanto poderíamos, quando permitimos que nosso ‘eu avaliativo’ foque em desejos equivocados em relação ao que deveria nos motivar e nos fazer felizes. (…) E, na verdade, é bem fácil se sentir infeliz quando nossas crenças e nosso comportamento estão em conflito, quando criamos altas expectativas sobre nós mesmos ou quando nem sequer conseguimos aceitar quem somos.”
Karnal afirma que nós sempre fomos detratores. Que a fofoca é irracional. Que respondemos a forças atávicas. Que toda detração tem um alguém que eu aponto, mas toda vez que isso ocorre, tem três dedos apontados para mim. Como diz uma frase inspirada na teoria psicanalítica da projeção: “Quando Pedro fala de Paulo, fala mais de Pedro do que de Paulo.” E ainda afirma que, quando falamos de alguém, expomos nossas dores. É o eco de algo que não está bem em mim. É quase um raio X da nossa alma.
Infelizmente, isso não nos leva a nada — a não ser nos tornar cada dia mais fracos e incapazes. Perder energia cuidando da vida do outro não provém de nenhum benefício.
E como nosso foco é progredir, vamos juntos?
Vamos conter esse hábito? Focar mais em nós e nas nossas atitudes pode ser o caminho. Quando estou olhando para as minhas vontades, os meus erros, as minhas atitudes, a minha família, o meu negócio, para o meu eu, não sobra tempo para detratar ninguém.
Preste atenção na sua vida e na sua forma de ser feliz. Construa uma base sólida de você mesma. E fuja das pessoas que chegam até você com essas maledicências! Quem fala do outro, fala de ti também. Fofoca não lhe traz benefícios. Ah, mas eu só escuto! Não importa! Escutar é participar!
Seja mais você. Seja feliz com suas próprias conquistas. Confie na sua capacidade. Não passe a vida olhando o outro, olhe para você. Porque queremos um eu melhor, as pessoas à nossa volta melhores, um mundo melhor.
Vamos juntos?
Porque juntos somos +