Alguns até escolhem casar no civil, mas precisam adiar (mais de uma vez, em alguns casos) as cerimônias religiosas e as festas
Juliana e Luiz Fagiani; e Natália Guimarães e Robson Pereira contam como foiadiar o sonho do casamento por conta da pandemia (Fotos: Arquivo pessoal)
Da redação
No primeiro semestre deste ano, 219 casamentos foram realizados em Votuporanga, segundo a Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo). O número é ligeiramente maior em relação ao mesmo período do ano passado, quando 207 pessoas se casaram, só que entre esses casais estão aqueles que precisaram adiar a parte religiosa (e as festas, consequentemente) da ocasião, por conta das restrições trazidas pela pandemia.
É o caso da contadora Juliana Boni Rodrigues Fagiani e seu marido, Luiz Augusto de Oliveira Fagiani. Ela contou ao jornal
A Cidade que estava tudo certo para eles casarem no dia 30 de janeiro deste ano, na Catedral Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida, mas precisaram adiar porque naquela semana os governos estadual e municipal decretaram lockdown.
"Nós adiamos para nove de outubro. E pode adiar de novo, mas eu espero que não, porque gera um transtorno para nós e para a família. Se adiar novamente, vai ter reajuste de valores, por mais que tenha contrato feito, então a gente acaba sendo prejudicado, tanto financeira quanto emocionalmente", disse Juliana.
Transtornos
Os prejuízos financeiros vieram porque tudo aconteceu, quase literalmente, na última hora, conforme relatou a contadora. A essa altura da organização, alguns preparativos que envolviam itens perecíveis já não tinham como serem devolvidos. "A gente já havia comprado bastante coisa na parte de comida, porque contratamos cozinheiros para fazer. A gente comprou bastante coisa e teve que arcar com os prejuízos. Na parte de comida, acho que chegou a ser uns R$ 2 mil", contou.
No quesito emocional, Juliana contou que chorou por "muitos dias seguidos" por conta do adiamento. Ela também disse que o casal não se conformava com o desenrolar dos acontecimentos que levaram ao adiamento. "Mexe bastante com o emocional da gente, porque a gente ficou mais de um ano na preparação do casamento, para depois chegar nesse dia e não acontecer. É bem complicado", disse.
Agora, ela sente que está casada "em partes" com o marido. "A gente sonhou com o casamento, fez de acordo com o que cabia no nosso bolso, poupou algumas coisas para fazer o casamento de acordo com as normas e não pôde acontecer", relembrou a contadora.
O casal e a família esperam que, em outubro, com o avanço da campanha de vacinação contra a Covid, seja possível realizar a cerimônia na igreja e, depois, a festa. Mas o horizonte ainda é incerto.
Adiamentos
Já a fisioterapeuta Natália Andrade Guimarães e o empresário Robson Florêncio Pereira tentam sacramentar sua união, também na Matriz, desde junho do ano passado. De lá para cá, eles precisaram adiar seu casamento duas vezes, por conta da pandemia.
"A gente teve que adiar [o casamento] duas vezes. 13 de junho de 2020 foi a primeira data, aí a gente jogou para esse ano, para o dia cinco de junho. Aí nós adiamos de novo. Agora jogamos para o ano que vem, mas sem data definida. Provavelmente vai ser junho de novo. Acho que até lá todo mundo vacinou", disse Natália, em entrevista ao
A Cidade.
Na segunda vez que o casal precisou adiar, Natália contou que ficou mais ansiosa do que na primeira vez. "No primeiro, como estava bem complicado, a gente entendeu que não dava e, mesmo se desse para fazer, teria que reduzir [o número de] convidados, tinha todo aquele protocolo. Aí nessa segunda vez, eu fiquei um pouco mais ansiosa, mas eu sabia também que não ia dar para fazer do jeito que a gente queria. No máximo, seria um almoço em família, mas não era o que a gente queria no momento. A gente queria fazer a festa mesmo. Eu fico ansiosa, animada, desanimada, é uma mistura de sentimentos", disse.
Natália também falou sobre as suas preocupações em relação à parte financeira da logística do casamento em meio às incertezas e dificuldades trazidas pela pandemia. "Muitas das empresas [contratadas para o casamento] trabalham especificamente com eventos, não têm uma segunda fonte de renda. E aí a gente fica com medo porque vai que aquele fornecedor que eu já paguei chega a falir. A gente faz o que? Até o momento, nós não tivemos esse problema. Nossos fornecedores estão pagos e, aparentemente, está tudo certo. Mas existe esse risco. A gente não sabe", relatou a fisioterapeuta.
Nesse contexto de incertezas e dificuldades, ela diz que só resta ao casal e sua família a expectativa de que a pandemia vai passar e eles vão poder realizar a cerimônia e a festa. "Nós estamos esperando, vendo se a situação vai melhorar. Para este ano, provavelmente não vai acontecer. Mas para o ano que vem, sim. Então a gente fica na espera e todo mundo fica ansioso, pergunta se a gente marcou uma nova data, então só fica na expectativa. Uma hora dá certo", disse.
Apesar de não poder sacramentar a união na igreja, o casal já mora junto e até curtiu uma espécie de lua de mel. "Optamos por ser feliz e aproveitar enquanto estamos saudáveis. Não sabemos o dia de amanhã, né?", disse a fisioterapeuta.