Dos 15 que ocupam cadeiras na Casa de Leis, sete se manifestaram contrários à festa programada para ocorrer de 26 de fevereiro a 1º de março
Serginho da Farmácia pediu o cancelamento do Carnaval enquanto exibia no telão imagens do comércio fechado e dos mortos por Covid (Foto: A Cidade)
Da redação
A sessão da Câmara Municipal de Votuporanga da noite de segunda-feira (29), mais uma vez, foi de polêmica e o tema, é claro, foi o Carnaval. Em pouco mais de três horas, sete dos 15 vereadores foram à tribuna para pedir o cancelamento do Oba Festival, que está programada para ocorrer de 26 de fevereiro a 1º de março.
O primeiro a abordar o tema foi Mehde Meidão (DEM). Ele apresentou vídeos e reportagens de cidades que cancelaram a realização do Carnaval. Logo na sequência, o presidente da Câmara, Serginho da Farmácia (PSDB) foi à tribuna e pediu o cancelamento do evento no município enquanto exibia fotos do comércio fechado durante os momentos de lockdown e de alguns dos 458 votuporanguenses que perderam a vida na pandemia.
“O que eu vou colocar para vocês não é só como o vereador. Estou aqui falando a pedido de 95% da população de Votuporanga. Passamos quase dois anos dessa forma: com o nosso comércio todo fechado, muito desemprego, empresas fechando. Foram quase dois anos de muito sofrimento, perdendo amigos, parentes, pessoas queridas. Os leitos todos ocupados. Vimos várias reportagens de jornais sobre pessoas vindo a óbito por falta de UTI no nosso município. Quanto nós sofremos? Quantas vidas nós perdemos? Nós vamos deixar que isso aconteça ou que possa acontecer? Nós não podemos deixar”, disse.
Serginho cobrou um posicionamento urgente do prefeito Jorge Seba, da Secretaria da Saúde, do Poder Judiciário e do Comitê de Enfrentamento à Covid.
“A festa ainda é em março, mas nossa preocupação já é agora. E isso tudo que estou falando aqui é preocupação é minha e, tenho certeza, de toda a nossa população. Nós não podemos deixar as pessoas indignadas, com medo, preocupadas da forma que estão. Eu tenho medo, gente, que isso volte a acontecer na nossa cidade. Mas também confio no Ministério Público e no nosso prefeito, na nossa secretária e no nosso Comitê da Covid, que esse Carnaval não vai acontecer em Votuporanga”, completou.
Na sequência, Jezebel (Podemos), Missionária Edinalva (DEM), Valdecir Lio (MDB) Osmair Ferrari (PSDB) e Thiago Gualberto (PSD) endossaram as falas de Serginho e pediram uma posição da Prefeitura. “É preciso dar uma resposta rápida e definitiva sobre esse assunto, para poder acabar com essa aflição da população”, completou Osmair.
Prematuro
Cabo Renato Abdala (Patriota), por sua vez, disse que ainda é prematuro para se falar no cancelamento do Carnaval. O vereador afirmou não ser a favor nem contrário, mas defendeu uma análise mais aprofundada do tema.
“Não é questão de ser a favor ou contra, mas sim de ter bom-senso. Antes de sermos políticos nós temos que ser sensatos. Quais eram os critérios até esses dias atrás para o fechamento do comércio? Pois aqui falavam que eram os leitos, hoje estamos já superando tudo isso. Ou a gente acredita no Comitê ou não acredita. Muitas cidades cancelaram o Carnaval por causa de dinheiro e não pela Covid”, disse Abdala.
Jura, por sua vez, sustentou posição semelhante e disse que não se pode ficar com demagogia. “Quando o pedido de alvará for protocolado, tenho certeza que a equipe da Prefeitura vai fazer a análise do que é melhor para a população, mas nós precisamos parar de ficar com esses discursos só para ter discurso para a população. Votuporanga teve festas, Fernandópolis teve festa, Rio Preto teve festa e temos muitos assuntos para tratar de interesse da população”, concluiu.
Demais vereadores
Apesar de não se manifestarem publicamente durante a sessão, ao
A Cidade Carlim Despachante (PSDB), Nilton Santiago (MDB) e Professor Djalma também se declararam contrários a realização do Carnaval neste momento.
Daniel David (MDB) disse que irá se manifestar futuramente sobre o assunto, enquanto Sueli Friósi (Avante) afirmou que é preciso aguardar os números após as festas de fim de ano para se analisar o cenário e só então cravar uma decisão. Chandelly Protetor (Podemos), por fim, afirmou que na atual situação ele é contrário, mas defende a realização de um estudo pela Secretaria da Saúde para atestar a segurança ou não para a realização do evento.
Nota
Em nota, a Prefeitura de Votuporanga informou, no final de semana, que não realizará o Carnaval de rua em 2022 e até o momento não recebeu o pedido oficial de empresas e/ou clubes para a realização da festa. Logo que receber, será encaminhado ao Comitê de Enfrentamento à Covid-19, para que faça a análise do cenário da pandemia e apresente orientações quanto à realização desses eventos.
Outro lado
O
A Cidade também procurou a organização do Oba Festival, por meio de sua assessoria de imprensa, mas até o fechamento desta edição não houve manifestação.