O percussionista José Eduardo Lisboa, o ‘Zé Eduardo’, contou ao A Cidade como o grupo surgiu, em 1978, e ressurgiu, em 2008
Formação original d’Os Partideiros trazia: Flavinho, Toninho, Edivaldo, China, Zé Eduardo e Clodoaldo; agora, traz: Faísca, Baiano, Dudu e Zé Eduardo (Fotos: Arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
“Isso representa o Brasil mais que futebol e samba”. Esta frase viralizou na internet há alguns anos, sempre acompanhando fotos e vídeos de situações que buscavam quebrar o estereótipo – principalmente na comunidade internacional - de que todo brasileiro gostava do esporte e do gênero musical. Mas esse estereótipo não surgiu do nada.
Tanto o futebol quanto o samba estão intrinsicamente ligados à história da cultura brasileira. Tanto que estipulou-se até um dia nacional dedicado ao gênero musical. Desde 27 de julho de 1964, o Dia Nacional do Samba é comemorado no dia 2 de dezembro. Em homenagem a isso, o jornal
A Cidade entrevistou o músico José Eduardo Egea Lisboa, ou simplesmente “Zé Eduardo”. Ele é o único membro da formação original do grupo de “samba raiz” Os Partideiros, que toca até hoje em Votuporanga e região. E contou à reportagem a história de como o grupo surgiu (e ressurgiu), além da sua relação de longa data com o samba.
História
O senhor Lisboa gosta de samba desde os 13 anos. Natural de Rio Preto, ele lembra que já menino ia atrás de frequentar as rodas de samba – que, na época, ele disse que se chamavam “batucadas” – do município.
Já a primeira formação d’Os Partideiros aconteceu no ano de 1978, também em Rio Preto, conforme contou José Eduardo. Na época, o grupo era composto por: Flavinho, Toninho, Edivaldo, China, Zé Eduardo e Clodoaldo. Os seis amigos tocaram juntos até 1980. Depois, cada um seguiu seu rumo. “Uns foram acabar de fazer medicina, outros odontologia. Um foi tocar em São Paulo, outro foi tocar no Japão”, contou Zé Eduardo.
No caso dele, seu rumo veio parar aqui em Votuporanga, durante o hiato d’Os Partideiros. É que o senhor Lisboa conheceu, em Rio Preto, Giselda de Souza, com quem é casado até hoje. E ela é daqui. Por isso, acabaram decidindo vir para o município. Em 1982, Zé montou um trailer de lanches e, pelos onze anos seguintes, trabalhou na avenida Antônio Augusto Paes, a “avenida do Lanchopão”. Depois, comprou um terreno na avenida Vale do Sol – “quando ainda era tudo mato”, acrescentou – onde morou e continuou vendendo lanches por mais oito anos. Neste ínterim, seu amor pelo samba ainda pulsava.
Tanto que, na gestão de Carlão Pignatari, o senhor Lisboa foi convidado a trabalhar em projetos da Secretaria Municipal da Cultura. Mesmo depois desses projetos. “Depois, os projetos pararam, mas eu continuei fazendo umas festinhas. Um samba aqui, outro lá. Aí fui empolgando e comprei alguns instrumentos”, contou.
Dessa empolgação, o grupo Os Partideiros ressurgiu, em 2008. A formação atual, que é um pouco menor que a original, traz os membros: Faísca, Baiano, Dudu e Zé Eduardo.
Entre 2020 e 2021, o grupo precisou parar de tocar, por conta da pandemia. Enquanto esperavam a situação melhorar, continuaram se reunindo para ensaiar, na casa de Zé Eduardo. Agora, como ele mesmo contou, estão voltando com tudo. E a agenda do grupo já está praticamente fechada para este fim de ano. “A gente está empolgado. Vai aqui, vai ali. Eu gosto mais de tocar em [ocasiões] particulares, mas temos tocado em barzinhos”, contou.
Repertório
A setlist do grupo é focada, principalmente, no “samba raiz”. Foi o que Zé Eduardo fez questão de frisar, durante a conversa com a reportagem. O repertório do grupo, no caso, reflete seu repertório pessoal, que é focado nas canções antigas, mas não blindado às tendências atuais.
“Eu gosto muito de samba. Mas de samba mesmo. Do Dilsinho e Mumuzinho, por exemplo, eu não sou muito fã. Gosto do ‘samba raiz’, que é o que a gente toca. Mas, em festas, de vez em quando, tocamos algumas músicas mais recentes e músicas sertanejas e internacionais em versão samba. Nosso repertório é para mais de três horas de show”, disse.
Apesar disso – e independente do gênero em questão - Zé Eduardo considerada que a música é o que “regenera a alma” das pessoas. E, por conta do clima de saída da pandemia (que, importante ressaltar, ainda não acabou de fato), o senhor Lisboa tem observado que as pessoas estão mais empolgadas nas ocasiões em que tocou.
“Nessa pandemia, o povo ficou muito fechado. Hoje, estão querendo sair para curtir e dançar. Parece que voltaram até mais animados. Quando você começa a tocar, já começam a dançar. Para nós, que tocamos, isso é muito bom. Perceber que alguém está prestando atenção, para mim, é a melhor coisa. Essa energia é muito boa”, finalizou.