Cidade
Com uma morte e 1,8 mil casos, rede particular oferece vacina contra dengue em Votuporanga
A proteção, contudo, pode pesar no bolso, já que a imunização exige três doses - e cada uma custa, em média, R$ 315 na cidade
publicado em 31/03/2022
Cada dose da Dengvaxia custa, em média, mais de R$ 300; no detalhe, Nicolas de Lima, que pode ter sido a 1ª vítima fatal deste ano (Foto: Agência Brasil
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O pequeno Nicolas Henrique Silva de Lima, de três anos, faleceu nesta semana e a principal suspeita é de que a criança tenha sido a primeira vítima fatal da dengue neste ano na cidade. O caso reforça a necessidade de se tomar os cuidados para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, e considerar a imunização contra a doença.
A vacina contra a dengue, porém, só está disponível na rede particular de saúde e o preço pode pesar no bolso. É que cada dose do imunizante custa, em média, R$ 315 em Votuporanga, conforme revelou um levantamento feito pelo jornal A Cidade. E o esquema vacinal para imunização contra a doença exige três doses, aplicadas num espaço de seis meses entre elas. No município, as clínicas particulares Protege, Vacine e Uni-imune oferecem o imunizante.
Em relação ao caso do pequeno Nicolas, a Secretaria Municipal da Saúde informou que foi notificada sobre o óbito da criança e deu início às ações preventivas contra a dengue no Jardim Marim, onde ele morava, mas ainda não recebeu o atestado do óbito para confirmar a causa da sua morte.
O último boletim emitido pela Prefeitura aponta o registro de mais de 1,8 mil casos de dengue registrados em Votuporanga até o momento.
A vacina
A vacina da dengue, também conhecida como Dengvaxia, é indicada para a prevenção da dengue em crianças, adolescentes ou adultos, dos nove aos 45 anos, que já tenham sido infectados por pelo menos um dos sorotipos da dengue e que moram em áreas em que essa infecção é mais comum. Isso porque pessoas que nunca estiveram expostas ao vírus da dengue podem ter maior risco de agravamento da doença, havendo necessidade de internamento hospitalar.
A vacina da dengue age prevenindo a dengue causada pelos sorotipos 1, 2, 3 e 4 do vírus, estimulando as defesas naturais do corpo e levando à produção de anticorpos contra esse vírus. “Depois que a pessoa estiver imunizada contra a doença, quando ela entrar em contato com o vírus, seu corpo vai reagir mais rapidamente para combater a doença”, acrescentou Haline Morato, enfermeira e responsável técnica da clínica Protege.
Entre os efeitos colaterais da Dengvaxia, o mais comum é reação de alergia no local da injeção, como vermelhidão e dor. Os demais - dor no corpo, mal-estar, fraqueza, febre etc – são possíveis, mas raramente acontecem, conforme explicou Haline.
Além disso, uma nova vacina da dengue está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan para ser disponibilizada pelo SUS e aplicada em pessoas que já foram infectadas por um dos quatro subtipos da dengue ou em pessoas que nunca tiveram a doença (saiba mais sobre isso no final desta reportagem).
Prevenção e atendimento
Como medidas preventivas, a Vigilância Ambiental orienta a população a manter os cuidados permanentemente em seus domicílios, como deixar os quintais sempre limpos; verificar recipientes como garrafas, pratos de vasos de plantas e sacolas plásticas que possam acumular água; limpar calhas; tampar caixas d'agua e utilizar produtos como detergente e sabão em pó diluídos em água nos ralos internos e externos, para evitar a proliferação do vetor. É igualmente importante lavar os bebedouros dos animais com água, bucha e sabão.
Ao surgimento dos primeiros sintomas, como febre, dor muscular, articular e de cabeça, ao redor dos olhos, enjoo, vômito e perda de apetite e paladar os munícipes devem procurar a unidade de saúde mais próxima ou unidades de pronto atendimento imediatamente.
Vacina da dengue do Butantan tem resposta imune superior a 90%
Há mais de dez anos, a vacina contra a dengue vem sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o Niaid (Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos). Um novo estudo publicado no dia 15 de março, na revista científica Human Vaccines & Immunotherapeutics, a respeito dos resultados da primeira fase da pesquisa, concluiu que a vacina induziu a geração de anticorpos em mais de 90% dos voluntários.
A análise incluiu 200 adultos que receberam duas doses do imunizante ou placebo. Após a primeira dose, houve resposta imunológica em 100% dos indivíduos que já tiveram dengue e em 92,6% daqueles que nunca haviam tido contato com o vírus. A dose adicional não induziu diferenças significativas, confirmando que uma única dose é suficiente para produzir resposta imunológica contra a doença.
A vacina da dengue é tetravalente, ou seja, é feita com os quatro tipos do vírus da dengue atenuados. Uma vez enfraquecidos, os vírus induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. As mais comuns foram dor de cabeça, cansaço, erupção cutânea e dor muscular.
Os pesquisadores alertam que o que vem acontecendo com frequência é a reinfecção da dengue, que pode ocorrer por outro subtipo do vírus e apresentar um quadro mais grave. “Por isso, é muito importante que uma vacina contra a dengue proteja contra os quatro tipos do vírus ao mesmo tempo, para conferir proteção permanente”, explicou o diretor de Alianças Científicas Internacionais do Butantan, Alexander Precioso, em comunicado.
Acordos com o Niaid e a farmacêutica multinacional Merck permitem que o Instituto Butantan produza e distribua o imunizante em território nacional e que desenvolva e comercialize a vacina no exterior.
O estudo avançou para a terceira fase em 2016, com 17 mil voluntários, e hoje está na etapa de acompanhamento. A previsão é que a pesquisa seja concluída até 2024.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
Endereço da notícia: www.acidadevotuporanga.com.br/cidade/2022/03/com-uma-morte-e-1-8-mil-casos-rede-particular-oferece-vacina-contra-dengue-em-votuporanga-n72457