Durante sessão da Câmara, Osmair Ferrari afirmou que a falha não é dos servidores, mas da gestão municipal, e cobrou providências
Osmair Ferrari fez um desabafo emocionado na tribuna da Câmara sobre os problemas na área de saúde, após a morte de sua irmã (Foto: Assessoria)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O setor de saúde em Votuporanga foi tema central da sessão da Câmara Municipal de segunda-feira (27). O vereador Osmair Ferrari (PL) fez um pronunciamento duro e emocionado após a morte de sua irmã, Sola Ferrari, de 67 anos. O parlamentar ficou indignado com a demora no atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e para a realização de um exame considerado urgente.
“Minha irmã passou mal no sábado. Liguei várias vezes para o Samu dizendo que era caso urgente, que ela estava agonizando. Disseram que estavam em outra ocorrência e que eu deveria esperar. Liguei para o Corpo de Bombeiros, a ligação caiu em Bauru. Liga para o 190, caí em Rio Preto. Enquanto isso, ela sofria. É um absurdo que o atendimento de emergência de Votuporanga caia em outras cidades”, relatou.
Segundo Osmair, o problema não está nos servidores da saúde, mas na gestão municipal. “Os funcionários da UPA, do Samu e da Santa Casa não têm culpa. O problema é gestão. É uma vergonha o que nós estamos passando em Votuporanga. Falta comando, sensibilidade e respeito com a população”, disse.
O vereador contou ainda que sua irmã era atendida na UBS da Vila América e aguardava desde fevereiro um exame de ultrassom com pedido de urgência. “A médica pediu prioridade no dia 28 de fevereiro. Marcaram para 11 de novembro. Ela morreu sem esse exame. E isso acontece todos os dias com a população”, afirmou.
Em tom de desabafo, Osmair também criticou o prefeito Jorge Seba (PSD) e cobrou providências imediatas. “Mandei mensagem para o prefeito, ele não me respondeu. Liguei para o secretário Giora, que me atendeu, mas já era tarde. O prefeito precisa tomar posição. Se não agir na gestão da saúde, ele está arrebentado”, declarou.
Durante a fala, o parlamentar defendeu a convocação de candidatos aprovados em concurso público e denunciou a falta de estrutura nas unidades básicas. “As funcionárias das UBSs são xingadas pela população, mas não têm retaguarda. Desde 2022 há aprovados esperando ser chamados, enquanto as filas só aumentam. Eu sou um dos vereadores que mais cobram contratações aqui nesta tribuna”, disse.
O presidente da Câmara, Daniel David (MDB), manifestou solidariedade ao colega e reforçou as críticas à secretaria municipal da Saúde, apontando falhas na comunicação e na coordenação da Pasta.
“A secretária Ivonete Félix tem duas assessoras: uma de Gestão Estratégica e outra de Inovação. Mas de estratégia e inovação não têm nada. Não atendem vereadores, e há ordem para isso. Se ligamos, não somos recebidos. A única que tem dado retorno é a Sueli Friósi, que tem feito um bom trabalho lá dentro. Mas é decepcionante ver a forma como a secretaria tem sido conduzida”, disse.
Daniel também lamentou a falta de resposta do Executivo às demandas do Legislativo. “O que deixa indignado é que a gente mostra o problema, aponta a falha, encaminha ofício, e nada é resolvido. O vereador acaba sendo o para-raios das reclamações da população, mas quando cobramos soluções, o poder público se cala. Isso é revoltante”, afirmou o presidente.
A vereadora Débora Romani (PL) seguiu na mesma linha e destacou outro caso grave. “Hoje mesmo recebi ligação de uma sobrinha chorando, dizendo que a tia dela está agonizando. Está com os pés tão inchados que minam água, e não consegue fazer exames. Os exames são marcados para meses depois. Enquanto isso, as pessoas sofrem em casa”, relatou.
Débora cobrou que as promessas de investimento feitas por parlamentares estaduais sejam cumpridas. “O deputado Carlão e o Seba disseram que iriam acabar com a fila dos exames. O ano está terminando e isso ainda não aconteceu. Sem exame, o médico não pode medicar, não pode tratar. Precisamos zerar essa fila com urgência”, reforçou.
Outro lado
Procurada, a Prefeitura de Votuporanga, por meio da secretaria da Saúde afirmou que está apurando internamente o que foi dito pelo vereador. Confira a nota em seu inteiro teor:
A Secretaria Municipal da Saúde apura todos os detalhes do registro da chamada realizada ao Samu. Todas as ligações são gravadas e passam por avaliação técnica, de modo a verificar integralmente as condutas adotadas pela equipe de atendimento.
O Samu segue protocolos padronizados em âmbito nacional e orienta os cidadãos, durante as chamadas, sobre os procedimentos a serem adotados. A Central de Regulação realiza perguntas específicas para coletar informações essenciais, que permitem o envio da viatura mais adequada conforme a gravidade e o tipo de ocorrência, observando rigorosamente as normas de regulação.
A paciente vinha sendo acompanhada pela Rede Básica de Atenção à Saúde e, paralelamente, recebia atendimento pela Atenção Especializada em São José do Rio Preto, tendo passado por diversas consultas previamente agendadas com especialistas.
Sobre o agendamento do referido exame, em 18 de setembro a Unidade de Saúde entrou em contato para informar a data de realização do procedimento no dia 24 de setembro, no entanto, a paciente se encontrava internada no HB e, por isso, o exame foi reagendado para novembro.
A Secretaria reitera seu compromisso com a transparência, a ética profissional e a constante qualificação dos serviços prestados à população votuporanguense.