Juiz de Fernandópolis destacou que pais estão esperando que a educação venha da escola
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
O juiz da Vara da Infância e da Juventude de Fernandópolis, Evandro Pelarin, ministrou uma palestra sobre responsabilidade dos pais na educação dos filhos, na última quinta-feira, na Igreja O Brasil para Cristo em Votuporanga.
Em entrevista ao jornal A Cidade, o magistrado destacou que estão aumentando os casos em que os pais estão delegando os seus deveres para a escola, para a Justiça. "Abandonando os filhos e o Poder Judiciário tem que intervir, porque isso não pode acontecer. O que eu vejo hoje é que a maioria dos pais é diligente, educa bem os seus filhos, mas há uma quantidade crescente daqueles que acham que a palavra dura, que o efeito corretivo mais pesado não é com ele, tem que ser na escola ou na Justiça. E isso está errado", opinou.
Pelarin também falou da sua relação com o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Votuporanga, José Manuel Ferreira Filho, e se já houve conversa de uma possível implantação do Toque de Recolher no município. A medida, que proíbe a permanência de menores nas ruas após as 23 horas foi imposta em maio de 2005 para reduzir a delinquência juvenil e evitar que os menores ficassem até tarde nas ruas consumindo bebidas alcoólicas e entorpecentes. "O José Manuel é um grande amigo, nossas famílias estão sempre juntas. Em Votuporanga já tem para os adolescentes infratores o sistema de recolhimento. O menino que comete o ato infracional tem a limitação de horário para ficar em casa e a Policia Militar vai averiguar, investigar. Nos falamos a cada 15 dias e estamos sempre trocando informações", afirmou. Por conta desta aproximação, Pelarin disse que já implantou projetos semelhantes em Fernandópolis. "Uma coisa muito bacana em Votuporanga é a rede de assistência para o menor, que é o caso da Família Acolhedora. É um projeto antigo na cidade, que levamos para Fernandópolis. Para maiores de idade, tem a Casa Albergue mantida pela Igreja. Tem vários projetos que eu conheço e a gente se inspira em outros modelos para trabalhar", complementou.
Questionado sobre a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que julgou procedente recurso impetrado pelo promotor Denis Henrique Silva contra as decisões e autorização de trabalhos de adolescentes concedidos pelo juiz, ele afirmou que todas as autorizações foram vetadas. "Entendíamos que a partir dos 12, se o trabalho não fosse perigoso e a criança na escola era possível trabalho leve. O pai tem uma lanchonete e quando o filho volta da escola ajuda na lanchonete lavando uma louça. Casos como este sempre deferíamos a fazer do trabalho familiar, que é previsto no Estatuto. Mas foi isso que o Tribunal disse que não pode e nós cumprimos as ordens", afirmou.
O juiz também comentou sobre a lei estadual que proíbe a utilização do celular. "A lei proibe não só como telefone ou qualquer ferramenta dele, dentro da sala de aula, no período da aula. O adolescente não está proibido de levar o celular mas não pode usar. Lei é lei e tem que ser cumprida", destacou.
Pelarin estará no dia 17 de agosto na Paróquia Senhor Bom Jesus, do padre Gilmar Margotto.
Projeto
O pastor da Igreja O Brasil para Cristo, Antônio Carlos Vilela, falou da iniciativa de trazer o juiz de Direito. "Ele realiza um trabalho excelente e o acompanho. Como ele tem relação com o projeto "Os Sonhadores", surgiu o convite. Queremos realizar um programa deste no município daqui a um ano. Já compramos a área", afirmou.
“Os Sonhadores” é um projeto social voltado a crianças carentes de 5 a 17 anos.
Fundado na cidade de Fernandópolis em 2001 por Marcos Vilela, o projeto teve início com 20 crianças que precisavam de um grande incentivo para sair das ruas e manter-se longe das drogas e da marginalidade. Atualmente conta com aproximadamente 60 crianças que se reúnem todos os sábados para participar de atividades artísticas e desportivas, como artesanato, futebol e natação.
Com a colaboração de voluntários e empresas, o projeto conta com uma infraestrutura capaz de oferecer assistência médica, alimentação, equipamentos e locais para atividades, além de palestras e orientações ministradas por autoridades da nossa região.