Andressa Aoki
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O Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Votuporanga atende 92 casos de abusos sexuais e quatro de exploração sexual. A maioria das vítimas são meninas (72) e possui faixa etária de cinco a 12 anos. Mas o órgão assiste crianças e adolescentes de três a 17 anos.
Em entrevista ao jornal A Cidade, as psicólogas responsáveis pelos atendimentos Renata Cristina da Silva Ramos Martins e Daniela Ribeiro dos Santos afirmaram que não existe um perfil padrão dos autores. “É sempre uma pessoa próxima da vítima, normalmente alguém em quem o indivíduo confia ou possui algum tipo de vínculo”, ressaltou.
Elas explicaram que são realizados atendimentos semanais, visitas domiciliares e escolares, com profissionais da saúde, educação que realizam palestras com temas relacionados às famílias. “São feitos orientações e quando necessários, encaminhamentos para rede de serviços. O Creas promove passeios culturais com as famílias”, emendou.
Renata e Daniela falaram ainda sobre as consequências para estas crianças. “Podem levá-las à depressão, a autoestima depreciada, pode ocorrer uma autoimagem distorcida, uso indevido de drogas, gravidez precoce, DSTs, baixo rendimento escolar, podem apresentar comportamentos agressivos ou apáticos, desenvolver algum tipo de transtorno ou desvio de conduta, suicídio dentre outros sintomas”, disseram.
Para as entrevistadas, a internet é um meio que propicia ações criminosas. “Orientamos as famílias a monitorarem seus filhos quando estiverem fazendo uso de computadores, celulares, tablets etc. Recomendamos também deixarem estes aparelhos visíveis a todos membros da família e nunca isolados nos quartos dos filhos”, concluíram.
Pesquisa
A violência sexual em crianças de 0 a 9 anos é o segundo maior tipo de violência mais característico nessa faixa etária, ficando pouco atrás apenas para as notificações de negligência e abandono. A conclusão é de um levantamento inédito do Ministério da Saúde, que, em 2011, registrou 14.625 notificações de violência doméstica, sexual, física e outras agressões contra crianças menores de dez anos. A violência sexual contra crianças até os 9 anos representa 35% das notificações. Já a negligência e o abandono tem 36% dos registros. Os números são do sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde. O VIVA possibilita conhecer a frequência e a gravidade das agressões e identificar a violência doméstica, sexual e outras formas (física, sexual, psicológica e negligência/abandono). Esse tipo de notificação se tornou obrigatório a todos os estabelecimentos de saúde do Brasil, no ano passado.
Os dados preliminares mostram que a violência sexual também ocupa o segundo lugar na faixa etária de 10 a 14 anos, com 10,5% das notificações, ficando atrás apenas da violência física (13,3%). Na faixa de 15 a 19 anos, esse tipo de agressão ocupa o terceiro lugar, com 5,2%, atrás da violência física (28,3%) e da psicológica (7,6%). Os dados apontam também que 22% do total de registros (3.253) envolveram menores de 1 ano e 77% foram na faixa etária de 1 a 9 anos. O percentual é maior em crianças do sexo masculino (17%) do que no sexo feminino (11%).