Karolline Bianconi
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A greve dos trabalhadores das empresas que envasam o Gás LP em São Paulo entra na segunda semana. De acordo com o Sindigás, o nível de disponibilidade do produto nas revendas está inferior a 10% do considerado normal.
Em Votuporanga, as revendas já começaram a sentir a greve. Elas recebem o produto, mas não conseguem atender a todos os consumidores. Resumindo: é receber a mercadoria e repassar ao cliente que o procura a tempo.
O jornal A Cidade esteve ontem em algumas revendas. João Paulo Machado de Castro contou que a empresa recebeu na manhã de ontem 150 botijões. Apenas cinco estavam no depósito.
Ele contou que a procura dos consumidores é tão grande que o correto seria receber cerca de mil botijões. “Com isso resolveria nosso problema, mas não está tendo jeito”, disse.
A venda do produto varia muito, mas na cidade está sendo vendido entre R$ 35 a R$ 40; em São José do Rio Preto, devido a greve, a estimativa é de que o produto esteja sendo comercializado já a R$50. Para ele, existe a possibilidade de que os botijões de gás estejam mais caros nos próximos dias em Votuporanga. “Haverá aumento de frete, imposto por se comprar o produto em outros estados, enfim, são as consequências da greve”, falou.
Castro disse que como a greve está no Estado de São Paulo, a empresa está buscando o produto em Uberlândia. “A gente se sente prejudicado; o consumidor nos cobra, mas não podemos fazer nada”, lamentou.
Vera Lúcia Adamo Boni, falou que trabalhar com a revenda do gás está difícil nos últimos dias. É que, segundo ela, não existe uma previsão se sua empresa poderá vender o botijão no dia seguinte. “Nunca sabemos se chegará gás para atender nossos clientes. Tem dia que a gente recebe o produto, mas em outros não”, desabafou.
Ontem, ela recebeu 20 unidades do produto, sendo que a médica era de 70 a 90. “A gente vende, mas fica com medo de não atender toda a demanda”, falou.
Em uma outra revenda que a reportagem entrou em contato, o produto chegou e já foi vendido. “Estamos sem gás já”, contou a atendente.
Em outro estabelecimento, cerca de 100 botijões de gás haviam chegado, mas a revenda foi tão rápida que metade do produto já não estava no depósito.
Em uma revenda no Pozzobon, apenas cinco botijões dos 20 que haviam chegado de manhã podiam ser encontrados. Em três dias da semana havia carga nova, mas com a greve, a entrega está sendo simultânea.
Além do consumidor residencial, a greve já afeta os prestadores de serviços essenciais, como hospitais, clínicas e escolas, que estão com o suprimento abaixo do patamar de segurança.
O fornecimento de gás segue cada vez mais comprometido, principalmente em função do descumprimento de liminares pelos sindicatos dos trabalhadores de minério de Paulínia e do sindicato dos rodoviários de Campinas e região. Tais ordens judiciais determinam percentuais mínimos de produção e de contingente de profissionais em serviço para garantir o abastecimento da população. Embora muitos colaboradores queiram retornar aos seus postos, há relatos de que o movimento paredista tem impedido a volta ao trabalho.
O Sindigás acredita que a Justiça do Trabalho julgará com celeridade o dissídio, pois entende que a recusa dos sindicatos paulistas da categoria em aceitar o acordo pactuado com os demais trabalhadores de todo o Brasil não tem justificativas razoáveis. Ao consumidor que tem gás em casa, o Sindigás recomenda que não corra aos revendedores para comprar mais produto, pois acredita que a situação será resolvida em, no máximo, uma semana para que o atendimento à população não fique ainda mais comprometido.