Isaura Deolinda Camargo D' Antonio, esteve na tribuna da Câmara Municipal ontem
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A diretora da escola Manuel Lobo e conselheira da Apeosp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Isaura Deolinda Camargo D' Antonio, esteve na tribuna da Câmara Municipal ontem, durante sessão ordinária do Poder Legislativo. Isaura explicou a posição da Apeosp com relação ao projeto “Escola em Tempo Integral” - ETI, do governo do Estado. Para ela, tudo que está sendo feito pelo Estado não tem participação dos alunos e professores. “Existe a falta de participação da sociedade e não sabemos como são feitas as parcerias com o setor empresarial”, frisou.
Ela apontou os problemas do programa. Estudantes aprendizes ou que tenham algum tipo de atividade pós-aula não poderão estar nesta escola, o obrigando a se matricular numa unidade onde houvesse vaga e às vezes, longe de sua residência; alunos que moram longe da ETI pode desistir da educação; estas ETIs ter número pequeno de matrículas em comparação com os gastos.
Isaura falou ainda que com o programa, os professores serão remanejados para uma escola mais próxima daquela que estão, contra a sua vontade. “Todos os gestores e professores que vão para ETI serão indicados, será uma escola de QI (quem indica), não havendo garantia de que serão melhores. Aqueles que estavam na escola que aderiu, voltarão emprestados até o final do ano letivo, quando passarão por uma avaliação por uma comissão formada pelo dirigente de ensino, gestor, alunos e pais e um colega”, enfatizou.
A diretora ressaltou que não é contra o projeto, mas a forma de como vem sendo implantado. “Todos se acham no direito de criticar a nossa posição contrária a esse programa, mas será que esses nos criticam ouviram os pais, os alunos, principalmente os do período noturno que estariam fora desta escola? Só há críticas sobre nós”, enfatizou.
Para ela, o governo coloca o programa como a salvação do Ensino Médio. “Não existem saídas mágicas e únicas para os problemas complexos e tributários de uma história de abandono que consolida confrontos estruturais. A necessidade de se aumentar o tempo de oferta educacional para os jovens é consenso, entretanto a maneira como isso deve ser feito, deve se transformar em uma agenda de diálogo com a sociedade. Isso para evitar que os planejadores e estrategistas educacionais de plantão imponham seus modelos de escolarização passando por cima do cotidiano e práticas escolares existentes”, complementou.
A diretora frisou que os gestores, professores, alunos e pais estão excluídos do debate, “dando vez aos diferentes tipos de especialistas e consultores educacionais que parecem ter todas as soluções em algum lugar bem longe da arena pública de debates”, emendou.
A professora alega que o magistério está dividido atualmente. As categorias são O (profissionais que são chamados pelo INSS e cumprem a função por determinado período) e F (que possuem direito de sete folgas abonadas). “Mais uma vez, o governo quer nos dividir, pagando uma gratificação de 75% para os professores que estiverem em exercício nas ETIs. Travamos uma luta ferrenha com os governos para acabar com as nossas gratificações, porque elas desaparecem quando aposentamos. Agora vem mais uma gratificação”, ressaltou.
Ela sugeriu que no lugar da ETI, retornasse Cefam, que formava alunos para serem professores normalistas, aptos a darem aulas, onde o governo pagava para o estudante.
Na platéia, estavam presentes membros da Apeosp e diretores de escolas.
Polêmica
O assunto voltou à tona depois da entrevista do industrial Sérgio Braga, na Rádio Cidade, na semana passada, quando ele defendeu a implantação da “Escola em Tempo Integral” em Votuporanga.