Diretora da escola Manoel Lobo esteve na Rádio Cidade para comentar programa estadual
Leidiane Sabino
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O Assunto Escola em Tempo Integral tem rendido significativos debates em Votuporanga. Enquanto o Governo do Estado quer implantar o novo modelo, alguns educadores não o aprovam. Ontem, a professora Isaura Deolinda D’Antonio, que é diretora da Escola Estadual Doutor José Manoel Lobo e conselheira da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), esteve no programa Jornal da Cidade, da Rádio Cidade, para dizer que as escolas não estavam em condições de assumir este programa.
Em Votuporanga, as escolas Doutor José Manoel Lobo, Uzenir Coelho Zeitune e Sarah Arnoldi Barbosa foram convidadas a fazer parte do programa de tempo integral, sendo que somente a última aceitou a proposta.
“Nós (Manoel Lobo e Uzenir) recusamos não a escola de tempo integral, mas este programa que está sendo implantado. Somos contra a forma que ele é imposto. Este é um projeto que foi desenvolvido em Pernambuco e está sendo traduzido para cá. A gente quer saber o que vai ser ensinado. Nós não fomos ouvidos. A única participação que a gente teve foi de dizer que se queria aderir ao programa ou não. Nós queremos uma escola de tempo integral, mas que seja discutida com a comunidade escolar. Precisamos debater o que será melhor para a escola e os alunos e saber se os estudantes querem aprender nesta escola. Não deve ser um projeto implantado de cima para baixo”, disse a diretoria.
Isaura contou que foram realizadas várias reuniões com pais, alunos e professores e eles votaram contra o projeto, foi uma decisão da comunidade escolar. “O problema do programa é o seguinte, a partir do momento que a escola se transformar em tempo integral, ela deixa de ter prontuário de professor. Ninguém mais pertence a ela, os educadores que voltarem, voltarão emprestados e serão avaliados no final do ano e os que não tiverem o perfil do programa, serão destinados para outras escolas. Professor faz um concurso, às vezes demora para chegar onde quer, daí, implantam este projeto e ele vai ser mandado para outro lugar contra a sua vontade”, comentou.
De acordo com a diretora, somente a equipe administrativa permaneceria a mesma na unidade de ensino.
A entrevistada destacou ainda que a instituição Manoel Lobo tem muito aluno aprendiz, que estuda lá por causa do Dafic (que oferece encaminhamento profissional). “Eles ficam fora deste programa integral, vão ter que procurar outro lugar. Nós somos a favor do projeto, porém, no nosso caso, por exemplo, onde temos 21 salas de aula, funcionariam no máximo sete, porque a escola de tempo integral não tem muito aluno. O prédio ficaria ocioso e hoje eu tenho 1.300 alunos. Temos também lá o centro de línguas, que não seria garantido com este programa”, falou.
Dos estudantes da escola Manoel Lobo, quatro votaram a favor do programa de tempo integral. A diretora da unidade destacou que os estudantes de lá moram em bairros distantes, por ter pouca residência na proximidade da escola, além disso, grande parte faz escolinha de futebol, computação, frequenta o Dafic ou tem outra atividade.
De acordo com a diretora do Manoel Lobo, se foi realizada uma pesquisa, vai ser mostrado que grande parte dos estudantes da escola SAB, onde já acontecem atividades em tempo integral, estão lá porque os pais querem. “Grande parte dos alunos não queria estar ali em tempo integral”, disse.
Isaura disse que a rotina do aluno neste modelo que será implantado no ano que vem, pelo que sabe, será cansativa. “Ele vai ter aula regular de português e matemática de manhã e à tarde também e outras atividades extracurriculares”.
A diretora destacou que os educadores querem discutir a escola de tempo integral. “A gente quer que o aluno vá satisfeito para a escola, que não seja forçado a ficar lá. A gente nunca pode discutir com o governo nenhum projeto”.
Para Isaura, se o projeto fosse realmente bom, deveria atender a todos os alunos para não aumentar ainda mais a distância educacional entre um estudante e outro.