Dia da Consciência Negra é celebrada no município; professor e
estudante comentam sobre o racismo na sociedade
Da Redação
O grito de liberdade do Zumbi dos Palmares, em novembro de 1695, ainda ecoa pelo Brasil. Hoje, longe das algemas da colônia, a consciência negra faz do debate sobre igualdade sua maior bandeira, pedindo ampliação das cotas, qualificação no mercado de trabalho, acesso a bens de consumo e ‘choque de conscientização’ sobre o racismo escondido.
O Dia da Consciência Negra é comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro. Porém, apenas em 2003, com o projeto de lei número 10.639, que a data 20 de novembro foi oficializada como um dia de reflexão a igualdade racial e a inserção do negro na sociedade.
Um levantamento realizado pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) concluiu que mais de mil cidades do país celebram a data, mesmo o Brasil sendo considerado um local onde o preconceito está escondido. A afirmação é do estudante de pedagogia da Unifev, Renan Leite Bernardo, de 23 anos.
“Hoje, o racismo no Brasil é mais escondido, por isso se torna difícil combater. Já enfrentei preconceitos com colegas de escola, no trabalho com “apelidinhos” e até mesmo no Carnaval, infelizmente ainda existem pessoas com tamanha insensibilidade que não se colocam no lugar do outro e acabam, muitas vezes, trazendo o preconceito como bagagem de berço”, contou o estudante.
Ainda de acordo com ele, as leis não valem nada se a atitude da sociedade continuar a mesma. “O movimento negro é social e importantíssimo para as transformações da sociedade contra o preconceito, não somente racial como também todo tipo de intolerância, seja ela qual for”, disse.
Já o professor da Unifev e também psicólogo do Instituto Federal de Votuporanga, Alexandre da Silva de Paula, comple-menta dizendo que o preconceito é um problema que foi camuflado durante muito tempo. “Penso que estamos dando um passo importante quando assumimos que em nossa sociedade essas atitudes não são veladas, mas nítidas, e devem ser combatidas com o rigor da lei”, falou.
E finaliza dizendo a data é muito significativa para o movimento negro. “É uma oportunidade não apenas para o reconhecimento de direitos à igualdade, justiça e promoção da cidadania, mas, sobretudo, de um espaço para discutirmos questões que ainda geram divergências, como o preconceito e a discriminação racial”, finalizou.