A semana que passou foi marcada pelo anúncio do aumento do índice de desemprego, que alcançou 13,6% no trimestre encerrado em abril, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (PNAD). Dessa forma, embora seja possível verificar uma diminuição desta taxa, o número de desempregados chegou aos 14 milhões.
Por outro lado, e principalmente por causa do agronegócio, que contribuiu com mais de 13% de crescimento, o PIB subiu 1%, o que talvez signifique o princípio da recuperação econômica, embora isso ainda dependa dos resultados dos próximos trimestres, quando a agricultura e pecuária talvez não tenham o mesmo desempenho.
Sair da crise econômica, que já se arrasta por vários anos, exige mais investimentos em logística e infraestrutura, e políticas públicas que priorizem a geração de emprego e renda.
Também impõe o apoio às micro e pequenas empresas, responsáveis por mais de 60% da oferta dos postos de trabalho existentes no país. Tais políticas incluem obrigatoriamente, entre outras ações, a qualificação de pessoas, por meio da oferta de educação profissional.
Nos países europeus, a educação profissional vem sendo entendida como parte da estratégia para a garantia da competitividade das empresas.
Dois bons exemplos de ensino de qualidade, são o francês, caracterizado pela formação em “escolas de produção”, conhecidas como “Lycées des Arts e Métiers” (Liceus de Artes e Ofícios), e o alemão, que assegura simultaneamente a formação geral e a profissional em mais de 300 áreas.
Nosso caminho foi bem diferente pois, por vários séculos, a educação técnica esteve desvinculada da educação “acadêmica”, reservada às elites, que quase sempre completavam seus estudos em universidades europeias, notadamente na Universidade de Coimbra.
O crescimento desordenado de muitas cidades e o incremento das correntes migratórias obrigaram, na visão de alguns governantes, a gerar alternativas para possibilitar o ingresso dos filhos das classes menos favorecidas no mercado de trabalho. Assim, o ensino técnico foi olhado com muita desconfiança pelos segmentos mais prósperos da sociedade, tornando-se alvo de preconceitos.
O ensino técnico foi visto como uma alternativa assistencialista, que iria tirar os jovens da marginalidade. Entretanto, o papel preventivo de evitar o ingresso dos jovens em situações de vulnerabilidade social é de todas as escolas, de qualquer escola.
Qual a consequência? Menos de 10% dos jovens entre 16 e 24 anos estão matriculados nos cursos técnicos. Nos países desenvolvidos, este percentual chega a 35%.
Outro equívoco foi a teimosia em utilizar estruturas curriculares propostas e adotadas nos anos 40, quando vivíamos a sociedade industrial.
As ciências da vida, a tecnologia e as ciências sociais são hoje um requisito indispensável para a preparação de técnicos, na medida em que as profissões mudam ou desaparecem, em decorrência dos avanços da ciência e da técnica. Além disso, ideias excelentes, como o PRONATEC, poderiam ter sido mais bem utilizadas se as cargas horárias dos cursos fossem efetivamente capazes de formar os técnicos de qualidade que o mercado exige.
É necessário orientar os jovens para as grandes oportunidades trazidas pela formação profissional no nível médio e no superior. Por isso, é excelente a introdução da educação técnica como um dos caminhos formativos possíveis na reforma do ensino médio. É necessário, entretanto, que sejam gerados mecanismos estimuladores de sua oferta pelas escolas, de forma a estarmos preparados para a retomada do desenvolvimento.