Vanessa Bortolozo escreve todas as quinta-feiras no A Cidade
Imagine
que após anos de trabalho árduo você foi reconhecido e
promovido ao seu tão sonhado cargo de liderança. Ao chegar para seu primeiro
dia de trabalho na nova função, você se pergunta: e agora, o que faço? Muitos
profissionais caem na armadilha de continuar fazendo bem suas antigas funções,
aquilo que sabem fazer como ninguém. Afinal, a pessoa acredita que foi
promovida por isso, por ser um ótimo profissional.
Porém,
a verdade é que provavelmente você não foi promovido pelas atividades ou
funções que tinha em seu dia a dia, mas, sim, porque o seu líder enxergou em
você a capacidade de liderar pessoas.
O novo
líder recebeu a indicação de que pode liderar, mas é a própria pessoa que se dá
a verdadeira promoção de cargo. O primeiro passo para fazer isso é delegar as
antigas funções e ficar disponível para si mesmo, tendo o tempo necessário para
que possa começar a praticar as suas novas atribuições, que são liderar e
desenvolver pessoas. Mas como delegar e não “delargar”?
Delegar
significa confiar algo a alguém que tem a capacidade de concluir a tarefa e,
constantemente, acompanhar e avaliar seu desempenho. Enquanto “delargar” é
deixar as funções que lhe eram cabidas a qualquer pessoa ou a ninguém, sem
acompanhamento ou posterior avaliação.
A
delegação só é possível a uma equipe ou pessoa que se confia. Portanto, se a
equipe for nova, não adianta ter pressa. Você só vai delegar corretamente
depois que conhecer cada um de seus liderados, entender os seus perfis
comportamentais, atribuições técnicas e criar os vínculos necessários para ter
a possibilidade de dar feedbacks.
Só assim conseguirá ter a segurança para começar a repassar as funções que você
sempre fez tão bem. Isso leva tempo e requer um bom estoque de paciência.
É
preciso entender também que delegar fará com que você desenvolva o seu liderado
e a si mesmo, atingindo assim seu objetivo principal, que é a autonomia de sua
equipe para atingir os objetivos e metas definidas.
Existem
vários benefícios em delegar, mas o maior deles é o reconhecimento profissional
e pessoal para o liderado. Quando você credita a alguém uma tarefa desafiadora,
está dando uma mensagem direta de que confia nele, que o julga capaz e,
principalmente, que você o escolheu perante todos os outros liderados para
cumprir aquela função. O reconhecimento aumenta a cada entrega bem-sucedida,
que gera uma nova delegação para um novo objetivo, em um ciclo contínuo.
O
contrário também é verdadeiro. Por isso, o perigo de “delargar” é trazer um
efeito inverso. Se você der a um liderado algo que ele não é capaz de fazer,
causa desmotivação pessoal e acaba por aniquilá-lo, pois ele pode se sentir
incompetente, incapaz etc.
Portanto,
o grande desafio é saber e conhecer a fundo quem são nossos liderados e para
qual função cada um deles está apto a atuar. Esse é o grande gapdo líder atual:
delegar algo para quem não está preparado, mesmo que geralmente não seja
intencional, já que nenhum líder quer que seu liderado fracasse. O “delargar”
normalmente é inconsciente por conta da distância que se coloca entre o líder e
seus liderados, o que ocasiona o não conhecimento das suas qualidades e dos
pontos que eles têm para melhorar.
Portanto,
a capacidade da delegação está totalmente condicionada à confiança e
necessidade da nova função de liderança. Conheça seus liderados e delegue, pois
delegar é um exercício que deve ser praticado diariamente.
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