Leonardo Azambuja é médico especialista em cirurgia geral, nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável
Leonardo Azambuja é médico especialista em cirurgia geral, nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável (Foto: A Cidade)
“O cérebro humano consiste em cerca de 100 bilhões de neurônios e, uma vez danificados, não existe possibilidade de regeneração.” Até pouco tempo, acreditava-se nesse velho conceito, mas a capacidade do cérebro em mudar, se adaptar e se recuperar já foi comprovada e é chamada de neuroplasticidade. Hoje, sabe-se que o cérebro pode ser estimulado para tal através de dieta, atividade física e estilo de vida.
Os problemas relacionados às doenças cerebrais são tantos e tão assustadores, que dados mostram que os custos atuais nos Estados Unidos relacionados a doenças neuro- degenerativas estão estimados em mais de 159 bilhões de dólares ao ano e, com o envelhecimento da população, espera-se que haja um aumento em torno de 80% em 2040. Com 5,4 milhões de norte-americanos com a Doença de Alzheimer – uma em cada oito pessoas com idade acima de 65 anos – pode-se afirmar que estamos atingindo pro- porções epidêmicas. Nos próximos 20 anos, a previsão é de que o Alzheimer afete um a cada quatro americanos, tornando-se tão prevalente quanto à obesidade e o diabetes. A cura para essa doença ainda não é conhecida, porém, pesquisas mostram que pode ser prevenida.
Uma das melhores concepções para entendermos o funcionamento do cérebro é se o vemos como um músculo. Ele é capaz de continuar crescendo, aprendendo, se adaptando e gerando mudanças e novos movimentos. Os músculos esqueléticos precisam de exercício para não atro arem e o “músculo cerebral” também. Assim como o músculo precisa de atividade aeróbica, existe a expressão que o cérebro precisa de “neuróbica”. Pesando em média 1,5 quilos, contendo 100 bilhões de neurônios, cada um possuindo e movimentando milhares de moléculas em intricadas operações, tamanho potencial precisa ser estimulado, independente de idade. E, se atendendo sua necessidade ao novo e sempre presente “interesse juvenil”, participando de atividades de aprendizado, física e lazer, o risco para a demência geral diminui. O simples fato de prestar atenção estimula o cérebro, mas tanto quanto os “outros músculos”, muito exercício pode gerar estresse. Formas de relaxamento e meditação também são de grande ajuda e, sem esquecer, a grande importância do sono de boa qualidade.
Um grupo de cientistas da Rush University Medical Center, em Chicago, publicou um estudo na revista Neurology, mostrando que, quanto maior a atividade cognitiva tanto na infância e meia-idade, quanto na velhice, melhor será para o cérebro. Essas atividades que requerem esforço mental de quem as pratica, podem ser desde palavras cruzadas, leitura, jogo de dominó, esportes, cursos, arte, viagens, aprender novas línguas ou instrumentos e até o contato com a natureza e convívio social. Cada novo aprendizado, experiência, imagem, som, cheiro, sensação de toque, ou qualquer combinação desses, cria novas conexões entre os neurônios, formando novas memórias e capacitando o cérebro para se adaptar a mudanças, ou seja, mantendo-se em forma. Ficar em casa fazendo sempre as mesmas coisas, diante de uma televisão, afirmando que, por estar aposentado não quer aprender nada novo, é um caminho certo para a atro a cerebral. O que não é usado, atrofia...
Na próxima semana irei falar sobre alguns exemplos para prevenção cerebral. Procure sempre um profissional capacitado e atualizado para lhe ajudar.
Leonardo Azambuja é médico especialista em cirurgia geral, nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável