Vanessa Bortolozo (Foto: Divulgação)
O líder é aquele que orquestra o alinhamento de interesses entre muitas pessoas. Não é apenas sobre trazer resultados, nem apenas sobre fazer as pessoas se sentirem bem. É sobre equilibrar essas duas missões.
Pessoas com suas necessidades atendidas e desejos realizados são mais felizes. Nossa qualidade de vida é muito afetada pela qualidade das nossas relações. No trabalho não é diferente, e estar feliz com os relacionamentos profissionais colabora com a nossa produtividade. Isso porque quando não precisamos nos proteger constantemente num ambiente hostil, sobra mais energia para fazer o nosso trabalho.
É impossível criar um ambiente saudável de verdade sem abrir espaço para conversas verdadeiras. Isso inclui as conversas difíceis. E no momento atual do mundo, de grande complexidade, velocidade e incertezas, quem não consegue navegar ou conduzir essas conversas, sofre mais e entrega menos.
Liderança empática de verdade
Empatia e escuta ativa formam uma dupla de habilidades importante para abrir e manter o diálogo e entraram para a lista das habilidades do futuro
Recentemente, foi realizada uma pesquisa com líderes em diversas áreas e níveis de experiência, de 60 empresas, em quatro países. A unanimidade sobre a necessidade de ser um líder empático me chamou a atenção. Mas, apesar da empatia estar na ponta da língua, ela ainda não atingiu o coração das pessoas, muito menos foi incorporada como hábito.
Líderes disfarçando falas doces ao dar notícias difíceis e perdendo clareza na mensagem. Da mesma maneira, membros das equipes escolhendo silêncios seguros e priorizando a autoproteção em detrimento ao crescimento do grupo. Escolhas baseadas no medo. Medo de errar. Medo de ofender. De cair nos tribunais de exceção de grupos identitários. De ser cancelado.
Comportamentos da liderança para abrir o diálogo
- Criar espaço de trabalho com segurança psicológica onde as pessoas podem falar sem sofrer retaliações diretas ou indiretas;
- Estabelecer acordos e acompanhar frequentemente com os times;
- Abrir espaços de conversas individuais e em grupos sobre as necessidades e os desejos de cada um;
- Cuidar ativamente da inclusão e pertencimento (todos nós queremos nos sentir parte);
- Cuidar ativamente da qualidade de vida do grupo e tomando medidas para resguardar os acordos sobre o tema;
- Aprender a ter conversas difíceis e lidar com conflitos com zelo pelas pessoas;
- Estimular as pessoas a cuidarem do que é importante pra elas e não bloquear o espaço para exercerem seus papéis e o melhor de si;
- Requerer políticas claras sobre temas complexos (as empresas precisam investir em definir como abordar assuntos difíceis).
- É preciso reanimar a escuta para que todos alcancem mais prosperidade para ganhar assertividade e compreensão.
Imagine um local de trabalho onde todo mundo está confortável com os desconfortos naturais que os desafios trazem, onde o medo não perdura e as pessoas são livres para serem quem são. Imagine um ambiente saudável, produtivo, onde todos podem dar o seu melhor e se sentem úteis. Esse é um espaço de efetividade, onde as coisas acontecem.
Para criar um ambiente de liderança efetiva é preciso estabelecer confiança. E não há confiança sem diálogo. Bora conversar?
Fonte: revista Vida Simples