“A morte é simplesmente um desprendimento do corpo físico como a borboleta saindo do seu casulo. É uma transição para um estado de consciência mais alto, onde continuamos a perceber, a entender, a rir, a ser capaz de crescer e a única coisa que se perde é o que não é mais necessário...o corpo físico”. Essa frase recomendei aos meus filhos que coloquem no meu tumulo quando eu encerrar essa viagem planetária porque contempla meus sentimentos e pensamentos sobre ela (a morte). Claro que causou um desconforto entre eles, porém, encaro a morte com essa naturalidade, embora não sejam todos assim e eu respeito. Um dos maiores mistérios da existência humana é a morte. Desde tempos imemoriais, culturas e tradições ao redor do mundo buscaram compreendê-la e, de alguma forma, ressignificá-la. Uma das interpretações mais belas e espiritualmente enriquecedoras é aquela que vê a morte como um desprendimento do corpo físico, uma transição semelhante à borboleta que deixa o seu casulo para voar. Nessa perspectiva, a morte não é um fim definitivo, mas uma passagem para um estado de consciência mais elevado, onde a essência do ser continua a experimentar. Comparar a morte ao processo de transformação de uma borboleta carrega um simbolismo poderoso. Quando a lagarta entra em seu casulo, ocorre uma metamorfose que a prepara para um novo estado de existência. Esse processo de mudança é natural e essencial para que a lagarta se transforme em borboleta, uma criatura mais livre, leve e capaz de voar. Da mesma forma, ao encarar a morte como uma passagem, podemos entendê-la como uma liberação da alma, que deixa para trás o corpo físico, tal como a borboleta deixa o casulo, para atingir um estado de existência mais livre e em expansão. Essa analogia sugere que, ao morrer, deixamos o “casulo” do corpo físico, mas mantemos a nossa essência, nossa capacidade de sentir, pensar, aprender. O que se perde é o corpo físico, o instrumento pelo qual experienciamos a vida material. No entanto, segundo essa visão, o corpo não é o ser em sua totalidade, mas apenas um veículo temporário, necessário para as experiências e o crescimento que podemos alcançar aqui nessa dimensão. Na morte, esse veículo é deixado para trás, pois não é mais necessário para o próximo passo. Sem as limitações da matéria, a consciência parece expandir-se, tornando-se capaz de percepções extraordinárias. Então, dessa forma, a morte deixa de ser temida como um fim trágico e absoluto e se torna uma passagem natural, parte de uma jornada mais ampla e contínua. Essa perspectiva nos convida a viver de forma mais consciente, com foco no que é realmente essencial, ou seja, aquilo que levaremos além do corpo físico que é o amor, o conhecimento, a sabedoria, o verdadeiro propósito da vida talvez não seja apenas na realização material, mas no desenvolvimento interior. Cultivar a paz, o desapego, a compaixão e a compreensão tornam-se, assim, uma preparação para a jornada que seguirá. Cada etapa, seja a vida, seja a morte, possui seu próprio significado e beleza. Nossa verdadeira essência floresce completamente ao ultrapassarmos as limitações físicas e adentrarmos num novo estado. Rastejando como uma lagarta seguimos nossa existência, porém, mais cedo ou mais tarde, partiremos. É fato. Estamos na fila, apenas não sabemos qual é o número da senha. A cada fase, desprendemos partes do que fomos para abrir espaço ao que podemos ser, ajustando nossos sonhos, aprendendo novas lições.