Facções criminosas por todo o Brasil continuam a ser um problema significativo de segurança pública. Elas não apenas persistem, como também se expandiram equivalente a uma presença nacional e até global.
Enfrentar as facções criminosas que estão espalhadas em todo o estado, no Distrito Federal e que atuam de forma visível e invisíveis, é hoje o maior desafio do Estado brasileiro, no sentido de criar programas nacionais efetivos de enfrentamento às facções criminosas e não apostar na fracassada política, que não surte os efeitos necessários, desejados e tão clamados pela sociedade brasileira.
As facções criminosas, na sua forma visível, têm comandos intermediários, que ocupam vastos territórios urbanos e estão ampliando sua presença na Amazônia. São três facções conhecidas como CV, PCC e MILÍCIAS, que têm sua base de comando no Estado do Rio de Janeiro e São Paulo. É certo que elas se articulam com outras facções regionais, coordenando uma rede criminosa que soma 80 organizações, conforme pesquisa de várias áreas.
As populações das regiões periféricas são as que mais sofrem com a presença das facções criminosas nos territórios, fruto em grande parte da ausência e abandono do Estado nessas regiões. Pouca infraestrutura, até mesmo as mais elementares como asfalto e iluminação pública adequada. Falta de espaços de lazer, cultura, esporte, saneamento básico para moradia digna e um policiamento de proximidade que dialogue e respeite a população.
Esta ausência de bem-estar social abriu espaço para que, nas últimas décadas, as facções criminosas, na sua forma visível, ocupassem vários territórios, impondo suas regras e sua ação violenta, criando um ambiente de medo, pânico e impotência nos moradores, ocupando, inclusive, espaço físico pertencente a esses moradores.
As pessoas que moram na periferia convivem com as facções e veem seu cotidiano cada vez mais imenso e perigoso diante da guerra pela disputa de territórios, criando uma situação em que a violência e o medo são rotineiros, além da expressão “Estado Democrático de Direito” soa como uma palavra vazia, pois seus direitos de viver sem medo de dia e de noite não são minimamente garantidos.
Quando o Estado se faz presente, o faz quase exclusivamente através de ações de incursões policiais violentas de guerra contra o inimigo, carregadas de preconceitos contra pobres e negros com “sangue nos olhos” para tirar-lhes a vida. Aos moradores cabe apenas rezar para que não matem um dos seus que, mesmo não estando envolvido em atos delituosos, são vítimas em potencial, dada sua condição social e racial. Ao fim das operações, carregar os corpos que se foram, criminosos ou simplesmente moradores inocentes.
A situação é tão dramática, tendo em vista a expansão das facções criminosas, onde se apresentam com toda a intensidade, já que partiram para este expediente, a vida vale pouco nesses territórios.
Nossas polícias, mesmo com o advento da transição democrática, são treinadas com a lógica de guerra para abater o inimigo e isso fortalece o fato de que a violência se torne cada vez mais drástica quando a força policial se envolve contra quaisquer situações que há necessidade da sua intervenção com certo rigor nesta árdua tarefa.
Governos, tanto da esquerda como da direita, ainda não se deram conta disso, assim como não se deram conta da importância de dialogar com esses policiais que, na lógica da guerra, quando se dispõem a enfrentar o mundo das facções criminosas, por mais que alcancem os objetivos de abater os delituosos, alguns acabam perdendo a vida e a própria família no cumprimento desse dever considerado desastroso.