A Santa Casa de Votuporanga não faz a cirurgia porque não é credenciada para realizá-la pelo Sistema Único de Saúde
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Sem condições financeiras para fazer a cirurgia de laqueadura de forma particular, várias mães de Votuporanga estão procurando a justiça para que o procedimento seja feito na Santa Casa de Misericórdia por meio do SUS. O hospital não faz a cirurgia porque não é credenciado para realizá-la pelo Sistema Único de Saúde.
O vereador Emerson Pereira (SDD) contou ao jornal A Cidade que foi procurado por várias mulheres, que querem fazer a laqueadura pelo SUS em Votuporanga, mas não conseguem. De acordo com o legislador, no município, cerca de 50 mães já procuraram a justiça. Uma delas é Érika Godoy Rinaldi Garcia, 30 anos.
A dona de casa buscou a justiça e conseguiu a autorização para a cirurgia, porém, mesmo com o documento em mãos, sabe que, provavelmente, não conseguirá o procedimento. Érika conseguiu a autorização rápido – cerca de 30 dias. “Eu não tenho condições de fazer a cirurgia particular, por isso procurei a justiça, porém não vai adiantar nada porque aqui não fazem”, comentou.
Conforme a Santa Casa, o único hospital credenciado para esse tipo de atendimento é o Hospital de Base de São José do Rio Preto. A unidade de saúde explicou ainda que a instituição busca constantemente ofertar novos serviços e protocolou, em 2015, mais um pedido de credenciamento no Departamento Regional de Saúde (DRS XV de São José do Rio Preto). A intenção, continuou, é atender as necessidades das pacientes de Votuporanga e região, no entanto o hospital aguarda liberação. A Santa Casa também solicitou a habilitação para o serviço de Gestação de Alto Risco – tipo II.
A unidade de saúde conta com estrutura física, equipamentos e profissionais para realizar a laqueadura. Porém, não pode fazer os procedimentos pelo SUS, sem estar devidamente habilitado e credenciado pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual de Saúde.
Na última sessão da Câmara Municipal, o vereador Emerson solicitou que a Santa Casa volte a realizar laqueadura pelo SUS. Ele contou que desde a época em que foi secretário municipal de Direitos Humanos, atendeu diversas mães que ganharam ação judicial e que até agora esperam para ser operadas no hospital. “É importante que a Santa Casa se cadastre e cobre do SUS para voltar a oferecer esta cirurgia, porque existem famílias que ganharam na justiça o procedimento e até agora nada. Cobrando por esta cirurgia o hospital ajudará muito as famílias carentes a não terem mais filhos, já que o país inteiro está em crise”, falou.
O legislador destacou que a laqueadura é uma cirurgia cara, custando em média R$ 3 mil, portanto inviável para as famílias mais humildes. “A população tem que ser medida pelo que tem no bolso? Não precisaria ficar tanto tempo esperando por esta cirurgia se todos tivessem dinheiro”, disparou.
Outro fator que atualmente tem atrapalhado as mulheres que desejam fazer a laqueadura é que somente depois dos seis meses do nascimento do filho é que geralmente são comunicadas sobre a autorização judicial. “Por que não fazem logo que a criança nasce? Tem necessidade de realizar duas cirurgias em tão pouco tempo? Existe um descaso muito grande com a população mais humilde. Gostaria que fosse o mais urgente possível”, frisou.