O déficit do hospital de Votuporanga no ano de 2015 foi de R$ 9.528.126,47; direção ressalta esforço para seguir atendendo
Daniel Castro
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A situação financeira da Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga não é nada tranquila. Hoje a dívida da instituição é de aproximadamente R$ 25,5 milhões.
A unidade de saúde publicou, no último dia 9, o balanço de 2015, o que, conforme o hospital, retrata exatamente o cenário da saúde no país, especialmente, nas Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. “A crise financeira que assolou o país também nos impactou diretamente, tanto que a instituição trabalhou, internamente, uma política de redução de gastos, que envolveu todas as áreas do Hospital e, nos últimos meses do ano, a entidade se viu obrigada a recorrer novamente aos bancos para quitar o 13º salário dos funcionários”, explicou a direção.
O hospital teve uma receita de R$ 171.074.779,96 para uma despesa de R$ 180.602.906,43, gerando um déficit de R$ 9.528.126,47. Mesmo assim, a unidade ressalta que, com relação aos atendimentos, o hospital conseguiu cumprir suas metas contratadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A direção já previa que também seria um ano de intensas dificuldades e talvez ainda pior, por isso, em janeiro, fez um alerta para a população por meio da imprensa local e compartilhou que o orçamento atual foi 10% menor e que um plano de contingenciamento estava sendo implantado para que a Santa Casa não fechasse as portas.
Para conviver com as dificuldades, entre as principais medidas, estão mais cortes nas despesas, a redução do quadro de funcionários e de prestadores de serviços, redução de leitos hospitalares, a execução das dívidas dos municípios da região, o gerenciamento das cirurgias eletivas (não emergenciais), entre outras. Mesmo diante da inflação crescente, esclareceu a diretoria, do aumento do dólar e dos juros bancários, o hospital espera que essas ações possam minimizar a situação financeira “e que a Santa Casa de Votuporanga sobreviva”. “Tudo está sendo feito com base em um sério trabalho de gestão, onde, constantemente, somos auditados por órgãos competentes e sempre pautados pela nossa missão de salvar vidas”.
Além da dívida de aproximadamente R$ 25,5 milhões, o déficit mensal é de R$550 mil, sendo que R$ 500 mil são referentes a empréstimos bancários que foram adquiridos ao longo dos anos, por causa do subfinanciamento dos atendimentos SUS – que são remunerados por uma tabela defasada e deficitária.
Ainda conforme a Santa Casa, mesmo diante de todas as dificuldades e limitações, o valor total da dívida não aumentou nos últimos anos. “Assim, não desistiremos, a Santa Casa de Votuporanga continuará atendendo a população. O trabalho por parte da direção, administração, médicos, funcionários e voluntários é intenso e incansável”. Como exemplo o hospital cita o Corpo Clínico, que, mesmo com um mês de atraso no pagamento, não deixou de cumprir as escalas de plantões, atendendo a todos que precisavam e trabalhando junto à administração alternativas e ações para seguir com o hospital funcionando.
Por fim, a direção ressalta que a população precisa estar ciente de que esforços não estão sendo poupados para manter a Santa Casa de Votuporanga em funcionamento e, que a comunidade local e regional, têm sido fundamental nesse processo. “O hospital só chegou até aqui, graças ao comprometimento de muita gente, em especial, do cidadão comum, que acredita na entidade e ajuda com as campanhas, os eventos beneficentes, com o trabalho voluntário, enfim, que sabe da luta para manter um Hospital filantrópico”.