Tema foi levantado pelo vereador Wartão, que criticou também o atraso na entrega de uniformes: “melhor deixar para o ano que vem”
Escola do Jardim Carobeiras já está pronta, mas ainda não foi inaugurada; enquanto isso, vereadores cobram vagas em creches (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuproanga.com.br
A falta de vagas em creches em Votuporanga, enquanto já há uma escola nova pronta e ainda não inaugurada no Jardim Carobeiras, gerou debates na sessão da Câmara Municipal, durante a sessão ordinária desta semana. O tema foi levantado pelo vereador Wartão (União Brasil), que criticou também o atraso na entrega dos uniformes escolares: “é melhor deixar para o ano que vem”.
Wartão utilizou a tribuna para fazer uma série de críticas ao prefeito Jorge Seba (PSD) e à secretaria da Educação. Logo no início de sua fala, o vereador destacou as dificuldades enfrentadas por estudantes do Instituto Federal para chegar às aulas devido à falta de motoristas. Segundo ele, a secretaria não teria organizado substitutos para casos de afastamento.
“O motorista que fazia a linha ficou doente e não havia ninguém para cobrir. Os alunos ficaram esperando o ônibus e não conseguiram ir para a escola”, disse. O vereador relatou ainda que tentou contato com o coordenador responsável pela frota, mas não obteve retorno. “Liguei, mandei mensagem e sequer foi visualizada. Isso é uma falta de respeito com os alunos e os pais”, completou.
O parlamentar cobrou mais responsabilidade da gestão. “Se o motorista está doente, tem que haver um substituto imediato. Aluno não pode faltar porque não tem quem dirija o ônibus. É uma irresponsabilidade deixar os estudantes sem transporte”, afirmou. Ele disse ainda que pretende acionar o secretário municipal de Educação, Marcelo Batista, para verificar se o coordenador estaria de férias e exigir providências.
Apesar da crítica ao transporte, o ponto central do discurso foi a carência de vagas em creches. Wartão afirmou que diariamente recebe pedidos de famílias que não conseguem matricular os filhos.
“A demanda é muito grande. As mães não têm como trabalhar porque não têm onde deixar seus filhos. Isso é preocupante e atinge toda a economia familiar”, declarou. Ele lembrou que, em gestões anteriores, foram alugados prédios para suprir a demanda emergencial. “Na época do prefeito Junior Marão, quando faltava vaga, se alugava um espaço e se resolvia rápido. Hoje, as famílias ficam esperando indefinidamente”, destacou.
O vereador criticou ainda o fato da unidade de educação infantil construída no bairro Jardim Carobeiras estar pronta há tempos, porém sem inauguração. “Temos uma creche pronta, mas não foi entregue. Estamos terminando o ano e a fila só aumenta. A lei federal garante o direito à vaga, mas esse direito não está sendo cumprido em Votuporanga”, reforçou.
E não foi só Wartão. Durante sua fala, o vereador Osmair Ferrari (PL) também citou o caso de pais que lhe procuraram em busca de vagas em creches. Débora Romani (PL) também se posicionou cobrando que enquanto não se aumenta as vagas em escolas públicas, que a Prefeitura pague creches particulares para quem precisa.
Uniformes
Wartão criticou também o atraso na entrega de uniformes escolares, mas, para ele, a prioridade deveria ser o atendimento das crianças pequenas. “Não adianta querer resolver o uniforme se não temos vaga em creche. Primeiro temos que garantir o espaço para as crianças. Uniforme pode esperar, mas a mãe que precisa trabalhar não pode. O uniforme não entregou até agora, então melhor deixar para o ano que vem”, argumentou.
Além da área da educação, o vereador chamou atenção para prédios públicos prontos que permanecem fechados ou sem utilização adequada. Ele citou a unidade de saúde construída no bairro Pacaembu e o espaço público no Boa Vista, que, segundo ele, correm risco de depredação.
“Esses prédios acabam abandonados, sem uso, e com o tempo se deterioram. É dinheiro público investido que não atende a população. Enquanto isso, faltam vagas em creches e unidades de saúde em funcionamento”, criticou.
Ao final, Wartão demonstrou indignação com a falta de planejamento. “As crianças nascem, as mães fazem a inscrição, e quando chegam com seis meses ou um ano e meio, a vaga não aparece. O filho já não é mais berçário um, já virou berçário três, e a família continua sem atendimento. Isso revolta qualquer um. Precisamos de mais responsabilidade na gestão dos recursos e dos espaços públicos”, concluiu.