Psicóloga explica que convivência ajuda os pequenos a criarem responsabilidades e reduz chances de doenças.
Irmãos se tornaram mais responsáveis depois da chegada da Yorkshire Dolly (Foto: Marcela Scotti/Arquivo Pessoal)
Ter um animal de estimação em casa, quando se tem filhos pequenos, parece ser tarefa difícil para muitos pais. O receio da relação entre as crianças e os pets - assim como o aumento de gastos e responsabilidades - podem significar uma barreira na decisão de ter gato, cachorro ou qualquer outro animal.
No entanto, especialistas afirmam que o relacionamento das crianças com os animais é benéfico e pode até ajudar no desenvolvimento social dos pequenos.
A psicóloga Mara Lúcia Madureira explica que as crianças que convivem com animais de estimação costumam expressar afetividade mais facilmente e aprendem mais sobre regras de convívio, respeito e sobre a importância de cuidar do outro.
“As crianças desenvolvem mais rápido as noções de companheirismo e responsabilidade com aqueles que dela dependem. Com o bichinho, elas aprendem a respeitar os horários de alimentação, passeios, necessidades fisiológicas como sono, urinar e defecar", comenta.
Por isso, além do animal de estimação ser um amigo de brincadeiras para as crianças, ele pode ajudar na formação delas.
A psicóloga Marina Junqueira Zampieri ressalta que a criança tem de aprender a lidar com um ser que precisa de cuidados, fica doente, tem personalidade própria e pode nem sempre estar com vontade de brincar nos mesmos momentos em que ela.
Além dos benefícios no desenvolvimento social infantil, ter um animal de estimação pode significar melhoria na saúde das crianças. Mara Lúcia ressalta que a companhia de um animal reduz as chances dos pequenos desenvolverem resfriados, problemas estomacais e até dores de cabeça.
“Isso acontece porque os níveis de imunoglobulina A, um anticorpo presente nas mucosas que evita a proliferação viral ou bacteriana, aumentam quando em contato com os animais e fortalecem o sistema imunológico”.
Apesar das vantagens, muitos pais também se preocupam com a idade e a imaturidade dos filhos para lidar com um bichinho em casa.
No entanto, ainda segundo a psicóloga, não há idade específica para se ter animal de estimação, a criança pode nascer em um lar onde já existam animais e conviver perfeitamente feliz com eles.
Parte da rotina
A médica veterinária Ana Carolina do Carmo Gasques já tinha três cachorros e um gato em casa quando engravidou do filho Victor Hugo, de 3 anos.
Ela conta que durante a gestação deixava que os animais entrassem no quarto, cheirassem os móveis e o carrinho do bebê e ficassem sempre por perto para se acostumarem quando o bebê finalmente chegasse.
“Assim como o filho mais velho tem ciúme quando o bebê nasce, o animal de estimação também terá. O pet vai ter que dividir sua casa, seus pais e suas coisas com outro que está chegando e, por isso, os pais têm de fazer com que o animal veja a criança que chegará como parte da rotina e da casa, sem tirar seu espaço para evitar competições. Foi o que fiz quando tive meu filho Victor Hugo”, comenta a veterinária.
Há 2 anos, a diretora de escola Marcela Scotti Marin Silva presenteou o filho Eduardo, de 6 anos, com uma yorkshire para ver se o comportamento dele mudava.
“Na época em que dei a Dolly, ele tinha apenas 4 anos e era uma criança muito agitada. Com a presença da cachorra, ele adquiriu a responsabilidade do cuidar. Até então, ele não tinha cuidado nem com os próprios pertences e vivia destruindo as coisas. Hoje, ele está mais calmo e obediente e consegue manter as coisinhas no lugar”.
A mãe conta que Eduardo e o irmão Henrique, de 11 anos, cuidam da Dolly todos os dias pela manhã. Segundo ela, os dois acordam e colocam ração e água para a cachorra antes de irem à escola.
Fonte: G1