Depois de 10 anos, ela deixa Votuporanga; mortes de mototaxistas, em 2005, estão entre os casos que mais marcaram sua carreira
Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
A juíza de Direito e titular da 4.ª Vara de Votuporanga, Daniella Cam-berlingo Querobim, deixará a cidade. Ela foi promovida para a 3ª Vara Criminal de Sorocaba.
Na tarde de sexta-feira, ela presidiu seu primeiro e último júri no Fórum de Votuporanga, conforme informações passadas pelos funcionários do Poder Judiciário. O clima nos bastidores era de despedida, mas também, de reconhecimento pelo trabalho da magistrada. “Ela deixará saudade, era muito especial”, disse uma servidora.
A juíza conversou com o jornal A Cidade e falou sobre o carinho que possui com os votu-poranguenses, relembra o caso mais marcante em sua carreira no Fórum local e qual é sua referência no Poder Judiciário.
Carreira
A juíza contou que completa em 2013, 14 anos na magistratura. Em dezembro, seriam 10 anos em Votuporanga.
Seu amor pela cidade é muito grande, pois foi aqui que constituiu sua família. “Eu passei aqui a maior parte da minha carreira. Eu adoro Votuporanga e sinto muito em deixá-la. Estou sofrendo bastante com esta mudança de vida, pois foi durante minha estada aqui, nesta cidade das brisas suaves, que eu fiz muitos amigos, me casei e tive minha filha Heloísa, votuporanguense ‘da gema’”, destacou.
Caso especial
A juíza presidiu muitos casos na justiça local. Entretanto, o que mais a marcou foi o homicídio em série de mototaxistas. “Realmente ficou na memória pela violência incomum na nossa cidade”, destacou.
Os assassinatos marcaram também a comunidade local, devido à brutalidade que o autor cometia o crime. Indignados com a falta de segurança, os mototaxistas realizaram uma passeata pela rua Amazonas, na época das mortes, para chamar a atenção das autoridades.
Hernani Nascimento de Mello, na época com 25 anos, foi condenado em 23 de maio de 2006, a 53 anos e quatro meses pelo crime de duplo latrocínio e uma tentativa de homicídio. A sentença da juíza, naquele ano, foi a condenação mais longa da região.
Na sentença decretada, Mello foi considerado culpado pelo assassinato a golpes de capacete, dos mototaxistas Darci de Oliveira Machado, de 57 anos, e Giuliano Mascarenhas Trindade, de 21, mortos respectivamente em 29 de junho e 21 de julho de 2005.
Ele também foi condenado pela tentativa de homicídio, ocorrida em 30 de novembro de 2005, contra Alisson Marques, 47 anos. Os crimes foram qualificados como latrocínio (roubo seguido de morte), além da tentativa. De acordo com os autos do processo, ele confessou que queria roubar as vítimas em busca de dinheiro para comprar drogas. Em depoimento, contou que os mototaxistas eram alvos fáceis para ele conseguir dinheiro e os matava para não ser identificado.