A partir dos 16 anos jovens já podem ser encaminhados para o mercado por meio de entidades parceiras, mas com orientação; juiz se manifesta contra
Sergio Barbatto é contra trabalho de menores
Karolline Bianconi
No Dia do Trabalho, comemorado hoje, o jornal A Cidade aborda um assunto que gera várias opiniões: a idade certa para se começar a trabalhar. Atualmente, somente jovens com idade a partir dos 16 anos podem exercer algumas atividades. Principais lideranças do município debatem o tema.
O empresário José Francisco dos Santos, conhecido como “Zé do Porecatu”, diz que fica de mãos atadas. “Não podemos contratar menores de 18 anos. Temos sim, muitos jovens nos nossos supermercados, mas são todos encaminhados por uma instituição”, explicou. Somente pelo Dafic (Departamento de Apoio, Formação e Integração na Comunidade), são 12, e pelo Senac de Votuporanga, mais oito.
Para ele, a lei deveria ser revista porque o trabalho dignifica o ser humano. “Eu comecei a trabalhar aos 10 anos e sou muito grato pelas oportunidades que tive. É inaceitável saber que os jovens optam pela criminalidade porque não podem trabalhar”, falou.
Já o juiz da 5.ª Vara do Fórum de Votuporanga, Sérgio Barbatto Júnior, tem opinião oposta. “O jovem não pode ser visto apenas como uma peça do sistema econômico adotado”, disse.
Ele defende que destinar a participação de menores em crimes é escolher uma solução não adequada ao problema. “O jovem que não trabalha tem que frequentar escola de qualidade, eventos culturais, de ser respeitado em sua família, na sociedade e participar da vida comunitária”, falou.
O juiz do Tribunal Regional do Trabalho, José Antônio Gomes de Oliveira, também compartilha da mesma opinião de Barbatto, em relação à criminalidade. “É a educação que vai transformar o futuro dos jovens, tirá-los das ruas, da criminalidade e do uso de drogas”, destacou. Em Votuporanga, segundo Oliveira, existem poucos casos de violação das normas protetivas. “Vivemos em uma região mais desenvolvida. Na Vara de Votuporanga, concedemos 5 estágios com apoio da Prefeitura e da Unifev, a universitários e em breve pretendemos instituir um programa de cidadania e justiça para alunos nas escolas da cidade, com apoio da nossa associação de juízes, para esclarecer dúvidas dos estudantes”, encerrou.