Maduca Lopes afirma que principal função, que é zelar pelos direitos de crianças e adolescentes, está cada vez mais distante
Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
A professora Maria do Carmo Lopes, conhecida como Maduca Lopes, esteve ontem em Votuporanga e passou várias orientações sobre como deve ser a atuação dos conselheiros tutelares. Para ela, os profissionais exercem várias atividades em prol às crianças e adolescentes, menos zelar pelos direitos e interesses dos menores.
Acrescentou que os conselheiros devem atuar na respectiva função, ao invés de cumprirem papéis delegados à polícia, assistente social e psicólogo. “Temos que ser só conselheiros tutelares”, destacou.
Em entrevista ao jornal A Cidade, ela citou que o pensamento dos conselheiros deve estar em acordo com o artigo 131 do ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), que esclarece: “o Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei”.
Maduca é formada em Serviço Social, consultora do Projeto Ser Social, já foi conselheira tutelar por três mandatos em Pouso Alegre. Realiza palestras e cursos de capacitação em diversos municípios de Minas Gerais e outros Estados.
Ela também criticou que os conselheiros não estão apresentando ao Poder Público o que falta para crianças e adolescentes. “Eles deveriam estar mais empenhados em participar do plano plurianual, das audiências públicas, para poder cobrar”, falou.
Maduca teceu críticas para a família, pois, segundo ela, os pais delegam o papel de educar às escolas. “Não adianta trabalhar com os jovens, sendo que os pais estão perdidos. Hoje existe uma dificuldade muito grande em preservar a família, conceitos morais e éticos. Devemos, portanto, começar por ela, para ver que existe a necessidade do diálogo, do afeto, de amor, de ser a base, enfim, de tudo”.
Para Maduca, é necessário que exista a unificação dos trabalhos, ou seja, que os conselheiros tutelares tenham a mesma conduta. “Quando se deixa de fazer o que está no papel, nada é modificado. Temos que lutar pela unificação, para que o atendimento possa ser o mesmo. A função de um conselheiro não é apenas ir em festa retirar menores”, disparou.
Experiência
Maduca trabalhou durante 18 anos em sala de aula, e hoje é educadora do projeto Primeiríssima Infância, no qual Votuporanga também é contemplada.
Ela contou que tinha uma imagem da atuação do órgão, mas ao experimentar a rotina diária, enquanto atuou pelo Conselho Tutelar em Pouso Alegre, pode ter outra visão. “Existiam muitos erros. Eu quis dar o meu melhor para mudar as coisas e via que os erros eram antigos, que não estava sendo cumprido o que estava na lei. Depois de muito trabalho, o CT da minha cidade foi reconhecido, as pessoas viram que estávamos ali para ajudar, enfim, para fazer algo. Mostramos para as autoridades quem éramos e fomos reconhecidos”, disse.