Parlamentares, jornalistas e juristas criticaram restrição de publicidade, retirada de conteúdos da internet e ameaças a jornalistas, além do projeto do PT de controle e regulação da mídia
Novas formas de censura à imprensa foram tema de debate promovido nesta terça-feira na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). O encontro reuniu parlamentares, juristas e jornalistas. Eles rejeitaram projetos apoiados pelo PT para controlar a imprensa e listaram uma série de ameaças que restringem a liberdade de informação e expressão, garantidas constitucionalmente no país: restrição da publicidade, a retirada de conteúdos da internet, as pressões econômicas sobre os veículos de imprensa, as intervenções judiciais, as ameaças a jornalistas, a censura às artes, as leis regulatórias e até a vigilância da sociedade civil, segundo a Agência Câmara.
"Se no passado a restrição à liberdade acontecia de forma ostensiva e truculenta, hoje essa prática ganha formas sutis", disse Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta, que promoveu a 10ª Conferência Legislativa sobre a Liberdade de Expressão. "As novas faces se apresentam via censura judicial ou pela tentativa de criar regras que restringem a liberdade de informar, sem contar as ameaças a jornalistas e a veículos de comunicação, que muitas vezes são impedidos de cobrir fatos que interessam a toda a população."
Alvo de retaliações de órgãos policiais motivadas por reportagens realizadas no Paraná, o jornalista investigativo Mauri König, da Gazeta do Povo, disse que atualmente o "inimigo é invisível", em comparação com o período da ditadura militar.
PT - Os conferencistas também rechaçaram as propostas de "controle social" da imprensa e "regulação econômica" da mídia encampadas por setores do PT e do governo federal. Um dos principais defensores do projeto é o atual ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini. "Já temos no País mecanismos de autorregulamentação. Não há a necessidade de proposições dessa natureza", disse o deputado Sandro Alex (PPS-PR), presidente da Frente Parlamentar de Comunicação. Para ele, os termos "regulação" e "controle" são uma dissimulação da censura.