Adrian Ingham estará em Votuporanga entre os dias 22 e 24 de julho em um Congresso Internacional da área para professores
Adrian Ingham é conhecido por pesquisas sobre a importância da liderança na qualidade da educação
Isabela Jardinetti
isabela@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga sedia o 3º Congresso Internacional de Educação do Noroeste Paulista entre 22 e 24 de julho. O evento terá a participação do psicólogo britânico Adrian Ingham, conhecido por pesquisas sobre a importância da liderança na qualidade do ensino.
O A Cidade entrevistou o profissional, para saber quais suas avaliações sobre a educação brasileira e o que deve ser feito para que se torne de qualidade. Adrian disse que faz visitas ao Brasil e suas escolas desde 2008. “No começo, me surpreendi ao descobrir que a educação sempre teve baixa prioridade nas discussões políticas. Mais recentemente fiquei feliz em saber que a educação básica, assim como o ensino superior, começaram a ganhar as manchetes. Isso é um passo importante na direção certa, mas deve ser seguido por ações. Uma das minhas convicções é que precisamos não só de ações, mas também de palavras”.
Para a educação brasileira estar entre as melhores, Adrian destacou um ponto chave. “É preciso ver se a classe média manda os próprios filhos para as escolas públicas. No Brasil, trabalhei com alguns diretores de escola inspiradores, mas fiquei desapontado ao descobrir que muitos deles sentem que têm de enviar os seus próprios filhos para escolas particulares”.
Ele disse que a classe média vai apoiar escolas públicas locais se forem decentes e adequadas ao seu propósito - se às lideranças das escolas, ou seja, aos diretores das escolas, for dada a liberdade de agir profissionalmente, com um alto grau de autonomia, acompanhado por um forte sistema de prestação de contas.
Para o psicólogo, o Brasil caminha na direção certa. “Ele tem muitos profissionais sérios e também um enorme manancial de criatividade! Chegou o momento de um ar de otimismo permear o sistema escolar!”.
Sobre o papel dos professores, ele disse que a grande questão é: “sabemos e concordamos com a frase ‘um bom professor’ realmente significa? Podemos identificar as qualidades de uma ‘boa aula’? Se no Brasil ou em São Paulo ou em Votuporanga existe um acordo sobre esses pontos, então podemos começar a ajudar os professores a melhorar o seu ensino para que as aulas satisfatórias tornem-se muito boas aulas e as suas boas aulas tornem-se excelentes”.
Para ele, são necessárias duas outras coisas: o treinamento de alta qualidade e bem financiado para os professores, bem como o recrutamento dos melhores estudantes - não apenas bons estudantes, mas os melhores - para se tornarem os futuros professores do país. Isto está longe de ser fácil porque o ensino é uma profissão muito exigente.
Com relação aos diretores, para Adrian, as escolas podem encontrar muitos candidatos para cumprir a função de administrador, mas vai precisar de alguém excepcional para liderar outros profissionais. “Os diretores precisam saber o que acontece nas salas de aula. Eles precisam olhar seus colegas quando eles estão ensinando e apoiá-los em seus esforços para melhorar - oferecendo ideias, novos recursos e oportunidades para observar outros professores no trabalho. Não podemos aceitar desculpas de diretores que falam que têm burocracia demais para gerenciar. Como um grupo eles devem trabalhar para ver os bloqueios burocráticos removidos”.