Coordenadora do órgão disse a violência contra a mulher tornou-se mais visível pela população local
Inaugurado no dia 22 de maio, mas em funcionamento desde outubro do ano passado, o Cram (Centro de Referência e Atendimento à Mulher) oferece serviço atendimento especializado em Votuporanga.
As atividades e procedimentos técnicos desenvolvidos com as mulheres vítimas de qualquer natureza de violência são: acolhida, escuta, orientações jurídicas individuais e em grupo, acerca da Lei Maria da Penha e outras que se fizerem necessárias. São realizadas visitas domiciliares, atendimento individual, familiar e grupal, encaminhamentos para a rede de serviços a mulher e outras políticas de atendimento, tais como a saúde da mulher, educação, habitação e assistência social. Nos grupos são desenvolvidos temas que buscam promover a reflexão sobre o ciclo da violência, comportamento, autoestima, questões culturais de gênero, busca pela profissionalização, inserção ao mercado de trabalho, independência financeira e empoderamento.
O Cram é um órgão que trabalha na garantia de direitos da mulher, como também na promoção do cessar da violência intrafamiliar. Deste modo, o trabalho em defesa da mulher se dá de forma a empoderar esta mulher e também a família, para que se supere a situação de violência. Apenas em casos extremos, porém, não raros, o Cram tem atuado junto ao Ministério Público, Delegacia de Defesa da Mulher, OAB, Conselho Tutelar e outros. Esta intervenção junto a outros órgãos se dá de maneira específica para cada caso.
Renata Cristina da Silva Ramos Martins, coordenadora do Cram, disse que é difícil determinar as características de homens que praticam violência intrafamiliar, pois, embora o Cram atenda toda a família, a “porta de entrada” para o serviço se dá pela vítima, assim sendo, a mulher, que é o alvo prioritário para o atendimento. Assim o atendimento aos homens se dá de forma rara, vindo a depender dos objetivos traçados para cada caso e isto é formulado em conjunto com a mulher.
“Em linhas gerais, encontramos um alto índice de uso de drogas lícitas (álcool) e ilícitas (crack, cocaína e outras) como estopim de discussões e porventura as agressões”, falou.
“Contudo, o homem agressor ainda se apresenta como fruto de uma cultura alarmente machista, não raro, há agressores que se colocam no papel de detentor, dono da sua esposa e de seus filhos. O homem agressor, em sua grande maioria, tem uma história de infância e adolescência conturbadas, que culminam em uma crença distorcida sobre sua forma de atuar em um relacionamento e, sobretudo, o que esperar de sua companheira dentro do mesmo”, destacou Renata.
O trabalho do Cram à visa, sobretudo, desmistificar, desconstruir crenças que prejudicam o relacionamento familiar e construir novas perspectivas conforme às necessidades específicas de cada família.
Resultados
Renata contou que tem havido uma considerável aceitação pelo público-alvo aos serviços realizados pelo Cram. Porém, a identificação dos benefícios se dá de forma e intensidades diferentes entre cada participante, tendo em vista as diversas facetas que a questão da violência doméstica e familiar pode ocasionar em cada indivíduo. “Ainda assim são perceptíveis grandes alterações no convívio familiar, bem como alteração da própria mulher acerca da superação de seus problemas, proporcionando modificação em sua autoestima, levando ao seu empoderamento e autonomia”.
A coordenadora do Cram disse ainda que a partir do surgimento do órgão na cidade de Votuporanga, a violência contra a mulher tornou-se mais visível pela população e até mesmo pelos órgãos públicos, contudo, ainda é recente sua criação, sendo difícil pautar alguns resultados.