Marcelo Melo comentou motivos da diretoria para não renovar contratos após Série A3
Pegou mal: semana antes da final teve bastidores turbulentos, revela diretor Marcelo Melo
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Marcelo Melo, um dos diretores do Clube Atlético Votuporanguense esteve ontem na Rádio Cidade e causou polêmica com declarações sobre os bastidores do time, principalmente na semana que antecedeu o segundo jogo da final da Série A3, que terminou com o time Votuporanga goleado por 4 a 0. Alegando franqueza e vontade de deixar tudo em panos limpos, disse que se sentia na obrigação de conceder uma entrevista para prestar esclarecimentos à torcida.
Segundo Melo, a semana que antecedeu o segundo jogo da final, após a memorável vitória em casa por 3 a 0, na despedida do Estádio Plínio Marin, foi marcada por acontecimentos e conversas que chatearam profundamente a diretoria. O primeiro motivo seria as negociações com atletas, atravessadas por empresários. “A semana da final foi muito difícil. O vice-campeonato para nós foi muito mais importante do que ser campeão, porque o título ia esconder muitas coisas. Pensávamos em aproveitar grande parte do grupo, mas não foi isso o que aconteceu”.
Melo explicou que as pretensões do clube eram de acertar renovação com os jogadores até maio de 2016, e no segundo semestre emprestar os jogadores para clubes que disputariam campeonatos, como a Série C do Brasileirão. Ao fim das competições, os clubes contratantes, entre eles a Portuguesa (que já tinha conversas avançadas), por exemplo, poderia fazer propostas para o CAV caso se interessasse em permanecer com os jogadores, o que renderia um dinheiro em caixa para o clube e também seria importante para os jogadores.
Entretanto, segundo o diretor, na semana que antecedeu a segunda final, quando a diretoria chamou alguns jogadores para tentar a renovação, os atletas teriam revelado que as conversas a partir daquele momento teriam que ser feitas por meio de empresários, o que para a diretoria significou uma quebra de confiança. “Não foram todos, mas a grande maioria. Dos 14 que tínhamos intenção de assinar, sete apareceram com empresários na última semana e foi onde decididos não renovar contrato com ninguém. O Clube Atlético Votuporanguense não é uma empresa filantrópica. Vive de lucro. A partir do momento em que o atleta passa para gente falar com empresário, perdemos o interesse. Quebrou a confiança. Fica muito clara essa situação. Dos jogadores vice-campeões da Série A3, quantos estão empregados?”, disparou Melo.
Ainda segundo o diretor teve mais decepção nas negociações finais de “bicho” (premiação). “O que mais ouvimos dos jogadores é que no futebol é assim. Quem pensa dessa maneira está errado. Na Votuporanguense tem que ser bom para ambas as partes. Tivemos decepção sim. Acredito que 100% dos atletas foram homens durante a competição, mas na hora de negociar ouvimos a frase: que o futebol é assim. Não, não é assim. O futebol brasileiro está falido. Tem pessoas que acham que podem levar vantagem e isso está acabando. As portas vão se fechando”, afirmou, indicando que houve pressão de alguns atletas para pagamento por resultados além das condições que o clube poderia suportar.
Churrasco
E o diretor da Alvinegra, Marcelo Melo, também revelou outra situação que não pegou bem entre a cúpula do CAV, e que, segundo ele, pode ter interferido no resultado de 4 a 0 em Taubaté. Afirmou que obteve a informação de que jogadores participaram de um churrasco enquanto o adversário treinava forte para o jogo decisivo. “Eu me sinto à vontade para dizer aos torcedores que teve churrasco na semana de final entre os jogadores. Enquanto a gente sabia que o Taubaté estava atropelando nos treinos, nossos jogadores estavam fazendo churrasco, algo que na época, não era de conhecimento da diretoria”.
Melo não citou nomes, nem afirmou quantos atletas estavam confraternizando na semana decisiva. A pré-temporada da Alvinegra terá início no dia 1º de dezembro. Só o tempo irá dizer quais são as caras que estiveram na A3 e voltarão a vestir a camisa do CAV na Série A2.