Da Redação
O cantor, violeiro, compositor e ator Almir Sater se apresenta neste domingo, dia 20 de março, a partir das 20h30, no Centro de Convenções, em Votuporanga. Esta é a segunda vez que o cantor se apresenta na cidade. Segundo a produtora VBV Eventos, organizadora do evento, os ingressos estão esgotados há 20 dias. O Centro de Convenções fica na Avenida dos Bancários, 3299, Vale do Sol – Votuporanga. Informações através dos telefones (17) 3421-1815 e 9631-0245.
Almir Eduardo Melke Sater nasceu em Campo Grande, MS, em 14 de novembro de 1956. Desde os 12 anos tocava violão. Com 20 anos, saiu da cidade natal e foi estudar direito no Rio de Janeiro. Pouco habituado com a vida da cidade grande, passava horas sozinho, tocando violão. Um dia, no largo do Machado, encantou-se com o som de uma viola tocada por uma dupla mineira. Desistiu da carreira de advogado e logo descobriu Tião Carreiro, violeiro que foi seu mestre.
Voltou para Campo Grande e formou com um amigo a dupla Lupe e Lampião, em que era o Lupe. Em 1979 resolveu tentar a sorte em São Paulo SP, onde conheceu a conterrânea Tetê Espíndola, na época líder do grupo Lírio Selvagem. Fez alguns shows com o grupo, depois passou a acompanhar a cantora Diana Pequeno. Mais tarde, com o projeto Vozes & Violão, apresentou-se em teatros paulistanos, mostrando suas composições. Convidado pela gravadora Continental, gravou seu primeiro disco, Almir Sater, em 1981, álbum que contou com a participação de Tião Carreiro. Seu segundo disco, Doma (1982, RGE), marcou seu encontro com o parceiro Paulo Simões. Em 1984 formou a Comitiva Esperança, que durante três meses percorreu mais de mil quilômetros da região do Pantanal, pesquisando os costumes e a musica do povo mato-grossense. O trabalho teve como resultados um filme de média-metragem, lançado em 1985, e o elogiado Almir Sater instrumental (1985, Som da Gente), que misturava gêneros regionais - cururus, maxixes, chamamés, arrasta-pés - com sonoridades urbanas, num trabalho eclético e inovador. Em 1986 lançou Cria, pela gravadora 3M, inaugurando parceria com Renato Teixeira, com quem compôs, entre outras, Trem de lata e Missões naturais. Em 1989 abriu o Free Jazz Festival, no Rio de Janeiro, depois viajou para Nashville, nos EUA, onde gravou o disco Rasta bonito (1989, Continental), encontro da viola caipira com o banjo norte- americano.
Convidado para trabalhar na novela Pantanal, da TV Manchete, projetou-se
nacionalmente no papel de Trindade, enquanto composições suas como Comitiva
Esperança (cantada em dupla com Sérgio Reis) e Um Violeiro Toca (gravada por
Renato Teixeira) estouravam nas paradas de sucesso. Em 1990-1991 participou da novela “A historia de Ana Raio e Zé Trovão”, também da TV Manchete, mas em seguida se afastou da televisão, pois as gravações não lhe deixavam tempo para a música. Gravou ainda Instrumental II (1990, Eldorado), Almir Sater ao vivo (1992, Sony), Terra dos sonhos (1994, Velas) e Caminhos me levem (1997, Som Livre), além de diversas coletâneas. Voltou a TV em 1996, obtendo grande êxito como o Pirilampo da novela O Rei do Gado, da TV Globo. Já em 2006 gravou o cd "7 Sinais", onde apresentou um trabalho moderno e símbolo de sua personalidade, que fez parte da trilha sonora da Novela "Bicho do Mato", da Rede Record de Televisão, onde também trabalhou como ator, no papel de Mariano.
O dom pra viola
Em pequeno gostava de fazendas, bois e do som da viola. E para juntar as paixões foi preciso sair de Campo Grande, onde nasceu, e parar no Largo do Machado, no Rio de Janeiro, quando topou com dois violeiros mineiros tocando no meio da praça. Tinha vinte e poucos anos e decidiu, nesse momento, largar o curso de Direito e voltar para casa, para tocar viola. Suas composições falando de fronteiras, águas, canoas, boiadas, peões, varandas, galopes e pássaros, assim como suas obras instrumentais, fizeram dele, desde a década de 80, um músico singular.
Desde o início, passeou livremente pelo som da música popular urbana, a sertaneja, Villa-Lobos, os pagodes de Tião Carreiro, e da fronteira do Mato Grosso, do Vale do Jequitinhonha e de outros reinos da viola e da cultura popular.
Apesar de participar de novelas como ator, sua vocação é mesmo a de compor, canta e tocar viola - isso começou cedo. Os amigos do pai em Campo Grande, gostavam de bossa nova. O menino estudava violão, mas ouvia viola no rádio, naqueles programas de madrugada, hora de caipira acordar para pegar na enxada, “hora de cuspir”, como brinca o povo da roça.
“Esse som sempre me fascinou. É um sentimento, uma tara e eu nunca soube por que é a minha sina. No Mato Grosso não tem quase violeiro, Dona Helena Meirelles pra mim foi uma surpresa. Conheci alguns poucos, influenciados pelos mineiros. Lá não tem tradição de viola, só de violão, sanfona e harpa paraguaia, música de fronteira”.
Mas viola e boi é combinação tão perfeita quanto goiabada e queijo. E se ele gostava de viola, era natural que se sentisse à vontade no meio do curral, montando cavalos, ouvindo som de berrante. Campo Grande naquela época não era desenvolvida como hoje, e as fazendas de gado ainda rodeavam a cidade. Almir ia sempre à de seus tios e insistia, em vão, para que o pai comprasse uma, naquele tempo de fartura de terras. “Deus me livre. Quando você crescer você arruma a sua e eu vou lá passear”, respondia Seu Fuad, que gostava de cavalos, mas nas raias do Jóquei. 'E foi assim que aconteceu', conta o violeiro.
Conseguir a fazenda seria a segunda etapa de sua vida. Na primeira estava o seu
encontro com a viola.