Andressa Aoki
O jornalista da Rede Globo e responsável pelo quadro "Me leva Brasil" do Fantástico, Maurício Kubrusly, sabe mesmo explorar o que tem de melhor nas histórias das pessoas. Durante palestra realizada no domingo no Fliv (Festival Literário de Votuporanga) no salão social da Paróquia Santa Luzia, Kubrusly demonstrou paixão em conhecer um pouco da vida de seus entrevistados.
"Sempre me interessei pelas pessoas mais simples e não nas famosas, que já aparecem bastante. Elas me surpreendem muito mais. É melhor aprender com elas", destacou.
Para ele, todo este trabalho com o quadro gera conhecimento. "Gosto das pessoas que não pensam no que os outros dizem. As histórias são infinitas", emendou. Por meio de suas viagens para o programa, o jornalista tem na bagagem muitas histórias para contar. "Estive em todos os Estados contando e apresentando histórias de pessoas que têm a capacidade de invenção muito grande. Como é extraordinário, aqueles que sem meios meios, conseguem realizar", ressaltou.
E pensar que o quadro "Me leva Brasil" começou com uma proposta para melhorar a noite de domingo. "A TV Globo faz pesquisa para saber como que as coisas estão andando. Realizamos reunião para fazer avaliação do ano que acabou e dar ideias para o próximo. Em um deste encontro, os pesquisadores compareceram para termos na cabeça a imagem que a pessoa está tendo. A abertura do Fantástico foi apontada como muito longa. Era aquela das mulheres que saíam na água, não tinha início imediatamente. O estudo apontou que nessa hora uma pessoa ficava na sala, outro no banheiro, quarto e cozinha e quando se ouvia a abertura pensava com pesar, que tinha acabado o final de semana. O diretor pediu sugestão para acabar com este problema e sugeri de apresentar algum lugar que tinha festa. Eu participava do evento, ia na sexta, no sábado gravava e editava e no domingo entrava ao vivo. Foi um sucesso", lembrou.
Kubrusly contou que com essa convivência, as pessoas contavam histórias. "Surgiu assim o "Me leva Brasil". Pensei de pegar um ônibus e viajar pelo país. O veículo
teria que ter equipamento de gravação e edição. Quando chegou o dia primeiro de janeiro, as empresas suspenderam as compras com medo do Plano Real. O projeto ficou para depois", complementou.
O convidado apresentou vídeos que mais marcaram sua trajetória, como o caso de Maria José, proprietária de uma funerária em Brasília. "O que me atrai neste caso é o jeito que ela deu uma guinada na vida. Ela fidelizou o cliente, com a gravação do vídeo "Vontade póstuma". É difícil algum familiar que não queira cumprir o desejo.
Ela fez um comercial e pagou para ser exibido, mas na época, a rede colocou apenas uma vez no ar, porque seria de mau gosto. Depois que saiu no Fantástico, o comercial foi transmitido", afirmou.
O segundo vídeo exibido era de Pernambuco, de um filho e mãe que adoravam viajar e tornaram sua casa como cartão postal. "Eles eram funcionários públicos
aposentados e ganharam muito dinheiro depois da reportagem, vários ônibus passaram a incluir sua residência como ponto de visita. Vivem no mundo
mágico", destacou.