Ansiedade infantil não só irrita os pais como pode afetar o desempenho dos filhos na vida adulta
Por Pablo Huerta
O mundo está cada vez mais rápido. Parece que subimos em um carrossel para dar uma voltinha e acabamos em uma roda-gigante, girando a toda velocidade. Isso acontece por que existem cada vez mais desafios e ?necessidades?. Acabamos estressados e ansiosos.
Essa resposta emocional também inclui as crianças. Se elas já se sentem assim naturalmente, imagine quando nos veem correndo para lá e para cá. Sobram perguntas de uma lista interminável como: ?quando a mamãe vai chegar?, ?quando vamos comer? ou ?quanto falta para chegar?.
Para estudar esse comportamento, a Universidade de Stanford realizou um experimento que consistia em colocar um marshmallow diante de uma criança de quatro anos de idade. Ela podia escolher entre comer o doce imediatamente ou depois que o pesquisador voltasse. No segundo caso, a criança era recompensada com outro marshmallow. Os resultados foram reunidos em dois grupos: os ?impulsivos? comiam o doce assim que o pesquisador saía, os ?controlados? esperavam cerca de 20 minutos, quando o pesquisador voltava trazendo a ?recompensa?.
Um estudo posterior mostrou que essas mesmas crianças, ao chegar aos 18 anos, tiveram resultados diferentes no SAT (exame de admissão universitária aplicado nos Estados Unidos). Os impulsivos obtiveram, em média, 210 pontos a menos que os controlados. A razão dessa discrepância ainda não é bem conhecida, mas deixou clara a necessidade de mostrar aos filhos os benefícios da paciência.
Confira abaixo oito dicas que podem ajudar seu filho a ser mais paciente e que podem ser aplicadas a partir dos três anos de idade:
1. Ajude-o a encontrar uma maneira de passar o tempo prestando atenção ao seu redor. Evite que ele se concentre em um smartphone, um tablet ou outro dispositivo eletrônico. Brincar de procurar, cantar canções, conversar ou falar sobre objetos próximos são algumas atividades que permitem desenvolver a imaginação da criança.
2. Falar do futuro no sentido de causa e efeito. Por exemplo: ?Se você tiver paciência de esperar 15 minutos na fila, depois eu compro um sorvete?. Ou, durante a espera, enfatizar uma atividade, procurando algo divertido para passar o tempo. Um livro de histórias sempre é um bom passa tempo.
3. Comprar um timer. A criança não tem noção real de tempo e ver como os minutos passam até determinada hora pode ser útil para ocupar sua atenção e também para evitar que fiquem fazendo perguntas a cada dois minutos.
4. Evite dar respostas vagas, pois podem confundir a criança. Dizer especificamente quando alguma coisa vai acontecer ajuda a compreender a espera. Por exemplo: ?Vou fazer o que você pediu quando terminar de cozinhar?.
5. Incentive a capacidade de esperar. Se seu filho pede alguma coisa, não a dê imediatamente. Peça que ele espere alguns segundos, conte até 15 e então atenda seu pedido. Demore cada vez mais, até chegar a um minuto em uma semana.
6. Reconheça e premie o bom comportamento. Recompensá-lo por ter sido paciente o ajuda a manter essa atitude novamente.
7. Sempre tenha um jogo à mão para lidar com a impaciência. Um dominó com imagens em vez de números, mancala (um jogo de origem africana que pode ser feito em casa), jogo da memória, jenga ou quarto em linha são excelentes opções para as crianças.
8. Como mencionamos, as crianças aprendem observando nosso comportamento. Assim, na próxima vez que você estiver esperando o semáforo abrir, em uma fila ou lidando com a impaciência de seu filho, respire fundo e espere com um sorriso. Tenha cuidado com as palavras e com a linguagem corporal, já que as crianças absorvem e repetem o que veem.
A vida real envolve atrasos e frustrações. Ensinar as crianças a enfrentar essas situações faz parte de um aprendizado lento e progressivo que enriquecerá seu crescimento.