Janeiro ainda não acabou, mas já superou o total de raios que caíram em Votuporanga no primeiro mês de 2021, segundo dados do Inpe
No total, 10.225 raios caíram em Votuporanga no ano passado; número é maior que o total registrado no ano anterior, mas não fica tão a frente (Foto: Foco Studio e A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Janeiro é um mês tipicamente chuvoso, por conta do verão. Tanto que o mês ainda não acabou, mas uma quantidade considerável de raios caiu em Votuporanga. É o que revela um levantamento do jornal
A Cidade junto aos dados coletados pelo Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Isso porque, até quinta-feira (27), 1.809 raios tocaram o solo votuporanguense, de acordo com o Elat. Esse total já supera o de janeiro do ano passado, quando o Grupo registrou que 1.631 caíram no município. Na época, inclusive, as medições do grupo mostraram que, desse total, 486 raios causaram estragos. Foi o caso do raio que atingiu o transmissor da rádio
Cidade FM e acabou destruindo o equipamento.
Balanço
No total, 10.225 raios caíram em Votuporanga no ano passado, de acordo com os dados do Elat. O número é maior que o total registrado no ano anterior, mas não fica tão a frente. É que a diferença entre um e outro é de apenas 170, o que representa um aumento de 1,69% na incidência de raios no município.
Ainda em relação ao ano passado, dezembro foi o mês em que mais raios caíram em Votuporanga, segundo o Inpe. Nesse mês, 3.106 tocaram o solo do município. No anterior, dezembro também foi o mês com a maior incidência de raios. No ano em questão, 3.729 raios caíram na cidade.
Já entre 2016 – quando o grupo começou a monitorar as ocorrências de raios no país – e 2021, o ano de 2016 foi quando mais raios caíram no município. De acordo com os dados levantados pelo grupo do Inpe, foram 11.583 – 11,72% mais que o total do ano passado (confira o histórico de raios registrados em Votuporanga entre 2016 e 2021 no final desta reportagem).
Cuidados
De acordo com o Inpe, a corrente do raio pode causar sérias queimaduras e outros danos ao coração, pulmões, sistema nervoso central e outras partes do corpo, pelo aquecimento e uma variedade de reações eletroquímicas.
O coordenador do curso de Engenharia Elétrica do IFSP (Instituto Federal de São Paulo) no campus de Votuporanga, Devair Rios Garcia, explicou, em entrevista ao jornal A Cidade, como o raio funciona. “O que acontece é que a descarga atmosférica sempre vai atingir o ponto mais alto da região [em que cair], porque é uma descarga da nuvem pra terra”, disse.
É por isso que, por exemplo, ficar debaixo de uma árvore durante um temporal não é uma boa ideia. “Ela pode ser o ponto mais alto daquela região. Se o raio atingir a árvore, que vai estar molhada e, por isso, vai ser condutora de energia, você vai ser atingido”, disse Garcia.
Agora, se a pessoa estiver numa região descampada e cair um temporal, o perigo está no fato de ela ser o ponto mais alto daquele local. “O ideal seria deitar no chão, para não ser o ponto mais alto. Esse é o primeiro princípio. Mas, na prática, o necessário mesmo é encontrar um abrigo de alvenaria ou uma casa e entrar nela.
Para quem estiver na água – seja numa piscina, rio, lago ou mar – a dica é sair da água assim que o tempo começar a “fechar”, quando começam a aparecer nuvens escuras no céu. “A água, principalmente a do mar, é altamente condutiva [de energia]. Então pode ser que a descarga atinja uma distância razoavelmente grande de você, mas você vai ser atingido pela corrente elétrica mesmo assim.
Já em relação às residências, o docente do IFSP recomendou que as pessoas tirem os aparelhos eletrônicos da tomada antes de viajarem, para diminuir os riscos de eles queimarem em caso de temporais com raios e trovões. E o corretor Marlon Michel Ferreira Munhoz, que é especialista em seguros residenciais e empresariais, disse que estragos causados por raios em casas é mais comum do que se imagina em Votuporanga.
Ele disse, também, que é comum as pessoas acabarem se arrependendo por não terem incluído a cobertura de estragos causados por raios no seguro das casas. “As pessoas acham que é raro acontecer de um raio cair perto de casas. O argumento que mais usam é que moram perto de algum lugar que tem para-raios, tipo prédios, escolas etc. Então, acabam não optando por essa cobertura, por acharem que não precisa e pelo valor ser irrisório. Mas, como é uma cobertura barata, eu sempre acabo colocando nos contratos”, disse.
Por outro lado, o corretor ressaltou que é possível passar uma vida toda sem enfrentar esse tipo de adversidade. “No meu caso, por exemplo, em quase 30 anos nunca queimou nada em casa [por conta de raios], mas, quando acontece uma situação dessa, infelizmente, o prejuízo é grande”, finalizou.
Raios registrados em Votuporanga:
2016: 11.583 raios
- Janeiro – 1.448 raios;
- Fevereiro – 4.966 raios;
- Março – 1.936 raios;
- Abril – 18 raios;
- Maio – 371 raios;
- Junho – 696 raios;
- Julho – nenhum;
- Agosto – 85 raios;
- Setembro – 53 raios;
- Outubro – 2.339 raios;
- Novembro – 211 raios;
- Dezembro – nenhum.
2017: 11.003 raios
- Janeiro – 3.121 raios;
- Fevereiro – 1.231 raios;
- Março – 1.575 raios;
- Abril – 983 raios;
- Maio – 430 raios;
- Junho – 1 raio;
- Julho – nenhum;
- Agosto – nenhum;
- Setembro – 7 raios;
- Outubro – 1.179 raios;
- Novembro –2.476 raios;
- Dezembro – nenhum.
2018: 5.621 raios
- Janeiro – 1.395 raios;
- Fevereiro – 1.436 raios;
- Março – 250 raios;
- Abril – 60 raios;
- Maio – 51 raios;
- Junho – nenhum;
- Julho – 1 raio;
- Agosto – 7 raios;
- Setembro – 9 raios;
- Outubro – 1.789 raios;
- Novembro – 623 raios;
- Dezembro – nenhum.
2019: 9.824 raios
- Janeiro – 1.146 raios;
- Fevereiro – 2.455 raios;
- Março – 1.685 raios;
- Abril – 166 raios;
- Maio – 129 raios;
- Junho – 9 raios;
- Julho – nenhum;
- Agosto – 278 raios;
- Setembro – 452 raios;
- Outubro – 683 raios;
- Novembro – 2.821 raios;
- Dezembro – nenhum.
2020: 10.055
- Janeiro – 2.719 raios;
- Fevereiro – 1.350 raios;
- Março – 174 raios;
- Abril – nenhum;
- Maio – 107 raios;
- Junho – nenhum;
- Julho – nenhum;
- Agosto – nenhum;
- Setembro – 17 raios;
- Outubro – 662 raios;
- Novembro – 1.297 raios;
- Dezembro – 3.729 raios.
2021: 10.225
- Janeiro – 1.631 raios;
- Fevereiro – 966 raios;
- Março – 941 raios;
- Abril – 213 raios;
- Maio – 35 raios;
- Junho – 4 raios;
- Julho – nenhum;
- Agosto – nenhum;
- Setembro – 722 raios;
- Outubro – 1.970 raios;
- Novembro – 637 raios;
- Dezembro – 3.106 raios.
(Fonte: Inpe)