Wilson Toloni foi o entrevistado de ontem na Rádio Cidade e falou sobre alcoolismo
Andressa Aoki
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A Associação Antialcoólica de Votuporanga possui uma nova diretoria. José Eugênio de Sousa assumiu a presidência ontem, durante a cerimônia de posse realizada na sede da entidade, na rua Padre Izidoro Cordeiro Paranhos, 1999. Ele estará no cargo por um biênio.
Fazem parte da diretoria: Juarez Lima, Toninho Fernandes e Wilson Toloni. Wilson, segundo responsável pelas relações públicas da Associação Antialcoólica, foi o entrevistado de ontem na Rádio Cidade.
Ele ressaltou que alcoolismo não tem cura e leva à morte prematura. “O alcoólatra é o que ingere álcool todo dia, é dependente. Ninguém começa bebendo um latão, um tambor, é por pequenas doses. Hoje é uma pinguinha, depois três, quando percebe, vira um alcoólatra, porque se torna dependente. A doença só progride. A pessoa fala que bebe socialmente mas um dia ela extrapola e faz besteira. Não consegue ficar sem”, disse.
Atualmente, a entidade atende 4 mil pessoas. “Temos homem e mulher. Eu acho que, na atual conjuntura, as mulheres bebem mais que os homens. Também há de várias idades, principalmente os jovens”, destacou.
Sobre o vício, Wilson afirmou que vem geralmente de família. “É a curiosidade de experimentar, pensando que não faz mal. O pai pega a chupeta e molha na bebida para experimentar”, disse.
Ele contou sua história de vida. “Eu sou um exemplo vivo, 99% do meu casamento foi ceifado pelo álcool. “Eu não vi meus filhos crescerem, eu trabalhava e ia para o buteco. Hoje em dia as mulheres trabalham e não dependem do marido. Às vezes, a mulher sofre tanta agressão verbal como física. A lei Maria da Penha foi reforçada e as mulheres estão denunciando porque não aguentam mais”, ressaltou.
O entrevistado disse ainda que começou a ingerir bebida alcoólica depois que foi servir ao Exército. “Eu tomava lá, soldado tinha que ficar na guarita. Eu bebia conhaque para aquecer e mal sabia que ia me levar na sarjeta. No alcoolismo, você começa a ter tremedeira, pé e mão inchados. O médico já percebe que você bebe, porque o cheiro etílico está forte, pressão alta. É quando ou você para ou tem um derrame ou infarto. Quando fui na consulta, ele me passou um remédio, fui no bar, tomei uma dose. Passei mal, fui pra outro médico no outro dia e resolvi procurar a AA. Já era uma pessoa mal vista, sozinha”, enfatizou.
A maior crise é a de abstinência. “Muita gente acaba desistindo e alguns nem voltam para a AA por vergonha. O início é o mais difícil, mas a pessoa tem que ter fé e humildade de assumir que é alcoólatra”, afirmou.
O membro da nova diretoria afirmou ainda que as portas da entidade estão abertas. “Não temos restrição de nada. Mas a presença tem que ser prioritária, se acharmos que estamos curados e achar que não precisa mais, qualquer deslize, cai de novo. Tem que fortalecer cada vez mais”, falou.