Os trotes fazem com que as corporações mobilizem equipes desnecessariamente e ocorrências de verdade correm o risco de ficar sem atendimento
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
Entre os meses de setembro e dezembro de 2012, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Votuporanga recebeu 151 trotes. O Corpo de Bombeiros recebe em média 20 por mês. Somando, são 231 ligações que podem atrapalhar a qualidade do serviço prestado aos moradores do município.
No Samu, foram 38 trotes em setembro, 57 em outubro, 34 em novembro e 22 em dezembro.
Um trote pode fazer com que a ambulância e a viatura sejam deslocadas para o local onde não acontece nada, muitas vezes a Polícia Militar também vai, isso gera um gasto público e, caso uma chamada real ocorra para um local mais distante, o tempo resposta para o atendimento de quem realmente precisa pode dobrar ou demorar até mais que isso, já que os profissionais estão ocupados com o trote.
“Recebemos dois tipos de trote, o que é passado pela criança, facilmente identificável, porque elas riem, fazem piadinhas, gritam; neste caso, a gente fala que vai ligar para o pai e a criança para. Tem o trote maldoso, normalmente passado por um adulto, calmo, que oferece informações precisas; se o bombeiro não identifica este trote, envia homens e viaturas para atender algo que não está ocorrendo”, disse o tenente Alex Brito, comandante do Corpo de Bombeiros em Votuporanga.
Brito ressaltou que cabe aos pais orientar as crianças sobre os malefícios do trote. “Temos identificador de chamadas e podemos abrir Boletim de Ocorrência para investigar a ligação”, explicou.
No ano passado, o Corpo de Bombeiros recebeu dois trotes com mobilização significativa de policiais e viaturas. “No dia 1° de abril fomos notificados de um falso incêndio no São Cosme e, em outro dia, de um falso acidente com um motociclista em que a moto pegou fogo”, contou Brito.
Em palestras nas escolas, os bombeiros orientam os estudantes sobre quando as viaturas devem ser acionadas.
Agora é lei: ligações falsas para as centrais de emergência da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e para o Samu podem render multa de R$ 1.239,35 para o dono da linha telefônica. A nova regra foi sancionada pelo governador Geraldo Alckmin.
A punição, que inclui ainda sanções penais (um a seis meses de prisão) vai ser aplicada ao proprietário do telefone do qual partirem as ligações. Dados oficiais do Governo de São Paulo indicam que uma em cada cinco chamadas para o telefone 190 da Polícia Militar são falsas.
Os trotes fazem com que as corporações mobilizem equipes desnecessariamente e ocorrências de verdade correm o risco de ficar sem atendimento. O dinheiro arrecadado com as punições será investido na ampliação e na modernização das centrais de atendimento da PM, do Samu e dos Bombeiros.