Leidiane Sabino
O capitão do Exército aposentado Luiz Augusto Vale, que vive há 24 anos em Votuporanga, é retrato vivo desta parte da história do país. Foram 39 anos de Exército, sua incorporação deveria ter acontecido no dia 15 de maio, mas precisou ser atrasada para 16 de julho de 1964, devido ao Golpe de Estado no Brasil.
Capitão Vale explicou que três governadores, à época, Adhemar de Barros, São Paulo; Carlos Lacerda, Rio de Janeiro; e Magalhães Pinto, Minas Gerais; forçaram, politicamente, a tomada do poder e o Exército assumiu em 31 de março um período de governo severo no país.
“Surge a revolta, para que o Brasil voltasse ao Estado Democrático. Cria-se a guerrilha urbana, com núcleos de pessoas que agiam com violência contra o estado revolucionário, com sequestro de aviões, de diplomatas e estrangeiros, roubo de armas das forças armadas, atentados terroristas, assaltos a bancos e estabelecimentos comerciais e ataques a quartéis”, contou.
O tenente Carlos Lamarca, oficial do Exército, traiu as Forças Armadas e começou uma luta para derrubar o governo militar. “Muitas pessoas se juntaram contra esta tomada de poder pelo Exército, mas estes grupos também continham malfeitores, que queriam realmente a luta armada”, falou Vale.
De acordo com o capitão, o país vivia um caos de corrupção desenfreada, por isso, a revolução foi um mal necessário. “Hoje, tenho consciência disso, mesmo sendo contra tudo aquilo na época. Foi um período de força agressiva, mas contida”.
Capitão Vale atuava na segurança neste período de governo militar. No ano de 1969, quando presos políticos estavam no Dops (Departamento de Ordem Política e Social), ele trabalhou por oito dias no local e comandava a guarda.
“Tenho orgulho de ter feito parte do Exército, porque sempre foi uma organização muito respeitada. Este período foi importante para o Brasil, especialmente no aspecto de desenvolvimento. Houve uma explosão no país, com o crescimento das indústrias”, finalizou capitão Vale.