Vanessa Bortolozo Jornalista e especialista em Gestão de Pessoas (Foto: Arquivo Pessoal)
Como gerenciar o conflito de gerações?
Manter profissionais de 3 gerações distintas vivendo juntos pode ser uma boa ideia e funciona muito bem nos filmes e nos livros — mas no ambiente organizacional nem sempre é assim. Quando as diferenças são maiores do que as semelhanças, alguns atritos são inevitáveis, e isso pode ameaçar a harmonia das equipes de trabalho e afetar seriamente a produtividade. É o chamado “conflito de gerações”, uma realidade cada vez mais comum nas empresas.
A origem da questão está nos valores, hábitos e costumes de cada um, ou seja, em tudo que constitui a cultura e o modo de ser. Cada pessoa carrega uma série de características que dão forma e substância à sua identidade. Isso é resultado da maneira como foram criadas, de como elas enxergam o mundo — e o mais importante, como pensam que se deve atuar nele.
No momento em que diferentes visões entram em choque, os problemas se estabelecem. Os mais velhos são acusados de falta de flexibilidade e resistência à mudança, enquanto os mais jovens carecem de foco e parecem dar pouco valor ao legado construído por aqueles que vieram antes.
As diversas gerações
Não há exatamente um consenso sobre a classificação das várias gerações que hoje ocupam posições diversas na maioria das organizações. Ainda assim, é possível estabelecer alguns critérios que ajudam a identificar os representantes de cada uma delas.
Em uma visão panorâmica:
• Os baby boomers e a geração X sentem que tiveram que carregar o mundo nas costas, e por isso valorizam o trabalho duro e a dedicação.
• A geração Y, por sua vez, precisou se adaptar para encontrar um lugar ao sol em meio às transformações que presenciou.
• E, finalmente, a geração Z acredita que o mundo lhe pertence e está pronta para moldá-lo à sua imagem e semelhança.
Saiba um pouco mais sobre elas a seguir:
Os baby boomers
Mulheres e homens nascidos após o fim da II Guerra Mundial, os chamados baby boomers, cresceram em um contexto no qual a estabilidade era a chave. A sua educação rígida e os valores solidamente estabelecidos fazem deles líderes capazes e obstinados, mas podem sentir dificuldade em lidar com mudanças.
A geração X
Surgida em meados da década de 1960, essa geração viu o computador e outros eletrônicos chegarem às casas e escritórios, além de testemunhar o fim da ditadura no Brasil e as convulsões provocadas pelos diversos movimentos sociais que tomaram conta do planeta. Embora entendam que a tecnologia é a sua aliada, eles se sentem ameaçados pela postura desafiadora e competitiva dos que vieram depois deles.
A geração Y
Também conhecida como “geração da internet”, essas pessoas nascidas a partir da década de 1980 veem a inovação como algo natural e intrínseco ao ambiente que as cerca. São extremamente adaptáveis, conseguem se dedicar a várias tarefas simultaneamente e adoram experiências novas (na verdade, precisam delas para se sentirem motivados).
A geração Z
Mundo off-line? Para essa geração, tal coisa é inconcebível. Sua origem está nas décadas de 1990 e nos anos 2000, o que significa que estão começando a chegar ao mercado de trabalho. Individualistas e, às vezes, antissociais, esses jovens adotaram a velocidade como filosofia de vida, e as redes sociais como expressão maior de sua natureza fluida.
O conflito de gerações
Com tantas especificidades, será que é possível construir uma rotina de trabalho que garanta a colaboração e a convivência harmoniosa?
O 1º passo é entender que as gerações anteriores precisam estar dispostas ao diálogo. Cabe a elas, amparadas por toda a sua experiência, mostrar aos outros que podem, sim, abraçar as diferenças e transformações culturais em nome do bem maior. Isso se chama liderança.
Ao mesmo tempo, as gerações mais novas devem aprender a controlar a ansiedade e investir em sua capacidade de comunicação, aprendendo a se colocar no lugar do outro.
De todo modo, o conflito de gerações não é algo essencialmente prejudicial. Em uma organização em que todos pensam do mesmo jeito pode haver tantos problemas quanto em lugares onde ninguém se entende. Portanto, uma dose de diversidade é saudável e deve até mesmo ser estimulada.
Vanessa Bortolozo
Jornalista e especialista em Gestão de Pessoas