Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Bom dia, querido leitor! Como vai você? Hoje vamos falar de educação financeira para crianças e adolescentes. Dia desses, lendo um livro, nos deparamos com a pergunta: “você quer fazer com que seus filhos estejam seguros ou sejam fortes?”. Uma frase um tanto impactante, não é mesmo? O autor, Jordan Peterson, estava discutindo o quanto “ser forte” é quase o oposto de “estar seguro”: segundo ele, o preço da segurança é a infantilidade. E lidar com dinheiro tem tudo a ver com crescimento e maturidade.
Há quem acredite que dinheiro NÃO é coisa de criança e que é melhor deixar os pequenos longe desse assunto, tão sério, e que, não raro, gera grandes conflitos familiares. Mas, você já parou para pensar que ensinar seu(a) filho(a) a lidar com dinheiro não é apenas ensiná-lo a consumir ou não coisas? Já parou para pensar o quanto é possível ensinar sobre isso na sua rotina? E, ainda, sem que a criança tenha, de fato, acesso ao dinheiro?
Nós defendemos a filosofia do educador Gustavo Cerbasi: “educação financeira é sobre fazer boas escolhas”. E isso é muito mais profundo do que falar de dinheiro: é necessário falar sobre princípios e sobre o VALOR das coisas. É necessário destacar o valor do trabalho, pois ele é a ÚNICA possibilidade lícita de adquirir recursos financeiros.
E o que isso tem a ver com “tornar seus filhos fortes”? Bom, estamos vivendo uma geração de adultos infantilizados – pessoas que acreditam ser possível ganhar dinheiro sem trabalhar; prosperar sem esforço algum. Uma geração que acredita em pirâmides financeiras, que acha que para ganhar dinheiro na internet, basta mostrar a vida dos sonhos e, definitivamente, odeia trabalhar. Uma geração que cresceu na segurança: acreditou que um diploma era garantia de um bom emprego e de altos salários; teve pais que bancaram sonhos como viagens e aquisição de bens materiais. Adultos que ainda são dependentes dos pais aos 30 anos de idade. Pessoas que foram criadas para a SEGURANÇA de que algo está garantido. E, por causa dessa mentalidade, uma geração que lida muito mal com recursos escassos, como dinheiro e tempo.
Portanto, se você quer ensinar seu(a) filho(a) a ser forte, você precisa ensinar o valor do trabalho, o quanto é possível conseguir com o próprio esforço e que nada é garantido nessa vida. Deixe que as crianças fiquem frustradas ao ter que esperar uma data especial para ganhar um presente. Apoie atitudes empreendedoras, em que ele(a) se disponibilize a ajudar alguém com algum serviço ou vendendo um produto. Se for dar uma mesada, cobre a responsabilidade de lidar com o dinheiro – aonde gastou e como o fez. Questione se essa foi a melhor escolha possível.
Questione seus filhos: porque comprar? Porque fazer as coisas dessa forma? Não é apenas uma decisão baseada em poder pagar, mas em mostrar o valor das conquistas. Pais que financiam as conquistas dos filhos podem impedi-los de crescer e se esforçar para conquistar coisas por si mesmos. Cuide da sua aposentadoria, deixe que seu(a) filho(a) pague pelos sonhos dele(a), deixe que ele(a) construa seu próprio castelo.
A melhor herança que um pai pode deixar a seus filhos é a AUTONOMIA, e isso passa pela educação financeira baseada em princípios. Pense a respeito e responda, para si mesmo, essa pergunta de Jordan Peterson: “você quer fazer com que seus filhos estejam seguros ou sejam fortes?”
*Graziele Delgado e Evandro Valereto