Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, caro leitor! Como vai você? Bom, o assunto de hoje será sobre a dificuldade que as pessoas tem de guardar dinheiro. É senso comum: todo mundo sabe que ter saúde financeira significa gastar menos do que se ganha. Mas, quantas pessoas conseguem realmente cumprir essa “regra”? O que nos atrapalha de alcançar esse lugar que nos oferece mais qualidade de vida?
Estudos já mostram o quanto as dívidas e os problemas financeiros são nocivos à nossa saúde: eles podem causar desde transtornos emocionais, como ansiedade, insônia, improdutividade, gerar conflitos familiares, até problemas de saúde: disfunções gastrointestinais, compulsão alimentar, etc. Em casos mais graves, podem levar à depressão e ao suicídio. E a maioria das pessoas sabe, na prática, que passar perrengue financeiro não é uma situação muito agradável. Apesar disso, temos que 7 em cada 10 brasileiros estão endividados. Dos que não estão nessa estatística, muitos vivem apenas para pagar boletos. Porque é tão difícil mudar?
Porque, ao contrário do que as pessoas pensam, o ser humano não é um animal racional. Nós temos o lado racional do nosso cérebro bem desenvolvido, mas a verdade é que ele não é utilizado para tomar a maioria das decisões. Vamos explicar melhor: a maioria das suas decisões são tomadas na emoção, baseadas em estímulos animais e de sobrevivência. Com certeza você já experimentou a sensação de “se eu não comprar isso, vou morrer”. Pois é!
De forma bem resumida, nosso cérebro é dividido em duas partes: o sistema 1 e o sistema 2. O sistema 1 é mais rápido, mais ágil e reage instantaneamente aos nossos instintos, às nossas emoções. Ele é o responsável por todas as nossas ações e decisões mais “no automático”. Essa parte do nosso cérebro está ligada à nossa sobrevivência e foi ela que nos permitiu chegar até aqui, como espécie humana. O sistema 2, por outro lado, é a parte do nosso cérebro que realmente pensa, que aprende coisas novas, que é capaz de desenvolver competências e habilidades para resolver problemas complexos, como um cálculo de 375 x 89. Acontece que, para pensar, esse sistema é mais lento, desprende mais energia (fisiologicamente falando) e precisa ser voluntariamente acionado por nós.
Para ficar mais simples de entender: imagine que você está com fome e passou por uma lanchonete. Ao sentir o cheiro gostoso de um bacon sendo frito na chapa, seu sistema 1, automaticamente, te fez desejar comer esse bacon. Sua boca se encheu de água. Comer essa comida virou sua prioridade número 1. É aí que entra uma questão importante sobre nossa tomada de decisões: o sistema 2 pode vetar sua vontade de comer esse bacon. Porém, se ele não for acionado, você vai tomar essa decisão de modo automático e emocional, comendo o bacon até passar mal. Por outro lado, você pode pensar “estou de dieta e não deveria comer esse bacon”, ou então “não posso gastar com isso agora”. Esses pensamentos vêm do seu sistema 2, ponderando essa decisão.
Se o sistema 2 consegue dominar o sistema 1, porque você continua comprando e comendo de forma compulsiva? Porque o sistema 2 é mais lento e não funciona se você estiver cansado, com sono, estressado, ansioso, etc. Ou seja, podemos dizer que mais de 90% das suas decisões são irracionais. O segredo está, justamente, em conseguir tomar mais decisões com o sistema 2: isso vale para compras, para comida, para surtos emocionais, etc. Entre a intenção de fazer algo (poupar dinheiro) e a ação (realmente poupar dinheiro), existem suas emoções e tudo o que pode te influenciar. É por isso que as duas coisas mais desejadas e mais difíceis de fazer é ter saúde financeira e física. Portanto, o conselho de hoje é: tome decisões com seu sistema 2. Elas tendem a ser mais inteligentes. Boa semana!