Graziele Delgado e Evandro Valereto (Foto: Arquivo Pessoal/ A Cidade)
Olá, querido(a) leitor(a)! Um assunto tem pipocado nos últimos dias e, como sempre, existe muito “disse que não me disse” por aí. Às vezes, mais desinformação do que qualquer outra coisa. Portanto, nesta semana, vamos falar um pouco sobre impostos, tributos, etc. e como isso impacta a sua vida: o que é verdade e o que é mito nisso tudo?
Vamos começar por informação básica: você sabe a diferença entre tributos, impostos e taxas? Os tributos são pagamentos obrigatórios realizados por pessoas físicas e jurídicas, previstos na Constituição (sim, é previsto por lei). Tanto taxas quanto impostos são tipos diferentes de tributos: as taxas tem finalidade específica e, normalmente, valor igual para todos (emissão de documentos como CNH, RG, passaporte, coleta de lixo, etc.). Já os impostos não possuem finalidade específica: eles servem para custear as despesas do Estado e suas atividades de maneira geral (incluindo saúde, educação, segurança, etc.). Alguns exemplos são IPI, Cofins, IPVA, ICMS, IPTU, ITBI, etc.
Na prática, esqueça os nomes técnicos: tudo isso são formas de dividir tudo o que você ganha (e produz) com seu grande sócio: o governo. Ainda na semana passada, sobre a taxação dos importados das queridinhas chinesas, muita ideia errada foi vinculada, como o conceito de que “os impostos são para empresas, não para os consumidores”. Bom, nos permita dizer uma verdade impactante: isso não existe! O imposto sobre o consumo SEMPRE vai recair sobre o consumidor: eles já estão embutidos nos preços de tudo o que você compra (e se você é empreendedor e não calcula os impostos no seu preço, saiba que você está fazendo errado e, provavelmente, vai ficar no prejuízo).
Fizemos um cálculo básico para te mostrar essa realidade: selecionamos vários itens básicos de supermercado, como leite, ovos, carne, macarrão, frutas, farinha de trigo, arroz, feijão, açúcar, café, shampoo, condicionar, fraldas descartáveis, sabonete, sabão em pó, amaciante, etc. Destes itens, pesquisamos seu preço em um supermercado popular e fizemos uma lista de compras, com um item de cada: ao calcular o preço total, chegamos em R$438,77 e, ao descontarmos todos os impostos embutidos nas mercadorias, sobrou R$296,30. Ou seja: mais de 30% do valor da compra (R$142,47) seria imposto. Isso sem contar que você já recebe seu salário com o imposto de renda descontado. Portanto, para cada R$1000 de salário, você pode considerar que cerca de R$300 fica retido em impostos de consumo – que estão em absolutamente tudo o que você compra.
A realidade é que temos um dos sistemas tributários mais complexos do mundo e a tendência é só piorar: cobrar impostos é a única forma de arrecadação do Estado. Só seria possível pagarmos menos diante de uma proposta de redução de custos – e não se engane, os custos mais caros do Estado brasileiro não são com assistencialismo ou projetos que envolvem saúde, educação e segurança, mas com a própria estrutura política, com seus infinitos benefícios, cargos de confiança, troca de favores políticos, etc. O mais frustrante da história não é pagar imposto: é saber que isso não retorna para você. Se quer oferecer uma boa educação para seus filhos, precisa pagar escola particular. Se quer saúde de qualidade, paga por planos de saúde. Se quer segurança, contrata extra. Ou seja: você paga tudo em dobro.
E o que isso tem a ver com educação financeira? Bom, hoje você não tem a opção de não pagar esses impostos: como sabemos, está tudo contabilizado. Porém, a única forma de mudarmos essa realidade no longo prazo é termos pessoas mais conscientes de como as coisas funcionam, sem a manipulação absurda que acontece atualmente. A única forma de você garantir que seus filhos e netos não paguem ainda mais é o conhecimento sobre como essa máquina trabalha. Conhecimento é poder e liberta: essa é nossa missão por aqui! Tenha uma excelente semana, querido(a) leitor(a).