A indiferença de Votuporanga com o futebol local (Foto: A Cidade)
*Daniel Marques
O futebol é uma paixão nacional, movimenta multidões e gera grande envolvimento em diversas cidades do Brasil. No entanto, em Votuporanga, a realidade é diferente. O Clube Atlético Votuporanguense, time que representa o município, sofre com a falta de apoio da própria população. Os números são claros e mostram que a equipe não tem o incentivo que merece.
Abraçar o time
A última estimativa do IBGE, de 2024, aponta que Votuporanga tem uma população de 100.159 habitantes. Apesar disso, no jogo da Copa do Brasil entre CAV e Aparecidense-GO, apenas 2.500 torcedores compareceram à Arena Plínio Marin para apoiar o time. Agora, se a pessoa não apoia o time da cidade dela em um torneio nacional – organizado pela principal instituição do futebol brasileiro, a CBF –, esquece.
E o pior: nos jogos do Campeonato Paulista da Série A2, a média de público é de aproximadamente 1.300 pessoas, o que representa pouco mais de 1% da população da cidade. Esses dados escancaram a falta de envolvimento da comunidade com o futebol local.
Enquanto outras cidades de mesmo porte têm torcidas apaixonadas por seus clubes, em Votuporanga, a Alvinegra parece ser vista apenas como um detalhe no cenário esportivo local, o que não é!
Patrocínios
O desinteresse da população reflete também na dificuldade que o clube enfrenta para conseguir patrocinadores. Somente em 2025, 783 novas empresas foram abertas em Votuporanga. Mas quantas empresas na cidade ajudam financeiramente a Pantera? Sem apoio empresarial, o clube depende de esforços quase heroicos de seus diretores, Helton Borges e Roberto Beleza, que seguem tocando a equipe mesmo com prejuízo financeiro.
Enquanto o futebol local for tratado com indiferença, a Votuporanguense continuará enfrentando dificuldades para se manter competitivo. O apoio empresarial é fundamental para o crescimento do clube, e cabe às empresas locais perceberem o valor que uma equipe de futebol pode trazer para a cidade, seja em visibilidade, marketing ou desenvolvimento econômico.
O que fazer?
Vale lembrar que a Alvinegra é um time jovem, com pouco mais de 15 anos de história. Portanto, esse desinteresse por parte da população é compreensível, até certo ponto. No entanto, essa realidade pode e deve mudar com o passar dos anos. Para isso, é essencial que o clube invista em fortes estratégias de marketing, promoções de ingressos para atrair torcedores, criação de uma identidade local com jogadores da própria cidade e, principalmente, garanta um calendário cheio nos dois semestres do ano. Ter um time ativo o ano todo é fundamental para que a paixão pela Pantera possa crescer entre os votuporanguenses.
A cidade precisa enxergar o CAV como um patrimônio, algo que represente a identidade local e leve o nome de Votuporanga para todo o Estado e, quem sabe, para o país. Mas, para que isso aconteça, é necessário que a comunidade decida abraçar o clube e dê a ele o apoio que merece.
*Daniel Marques – Jornalista