Aline Ruiz
aline@acidadevotuporanga.com.br
O técnico em eletrônica Fernando Norberto Tomé trabalha com conserto de rádios há 29 anos. Antigamente o trabalho era mais fácil, já que as peças dos aparelhos ainda eram comercializadas. Hoje ele conta que a procura por conserto de rádios antigos aumentou e muito, o que acaba sendo um desafio para ele, que consegue encontrar o que precisa apenas pela internet. O fato é que o antigo está virando novo e Fernando fica feliz por poder ajudar a transformar o desejo das pessoas saudosistas em realidade.
Fernando começou a sua carreira incentivado pelo avô, Ernesto Mattioli, que na época tinha uma rádiotécnica chamada São João, localizada na rua Amazonas. Sempre ao lado do avô, ajudando e aprendendo, eles transferiram o comércio para o antigo mercadão e lá ficaram por muitos anos. Após o falecimento do avô e a desapropriação do local, Fernando resolveu abrir o seu próprio comércio, onde deu o nome de Eletrônica Mattioli, em homenagem ao avô, e até hoje conserta rádios antigos, vitrolas, vídeos cassetes e outros aparelhos.
Fernando conta que a procura, tanto por conserto como por de compra desses aparelhos antigos, têm aumentado muito nos últimos tempos. "A procura é grande e não é fácil encontrar aqui na região quem realiza o serviço, porque as peças são limitadas, o preço não é baixo e existe uma demora no conserto”, explicou.
É justamente pela falta de profissionais que atuam dentro dessa área que Fernando atende pessoas de toda região de Votuporanga. “Recebo clientes de todo lugar, Rio Preto, Nhandeara, Fernandópolis, Cardoso e por aí vai. Não são muitas pessoas que fazem esse tipo de conserto. E isso é uma coisa que faço desde sempre, é uma paixão”, comentou.
O tempo que leva para arrumar um aparelho depende muito. “Tem rádio, por exemplo, que demora meses para ficar pronto, outros em uma semana já consegui arrumar. Eu dependo muito das peças, já que tenho que encomendar pela internet e geralmente a entrega não é rápida, por isso que demanda tempo”, disse Fernando.
Entre os rádios antigos e os atuais, Fernando nem hesita em dizer que os antigos são os melhores, tanto para arrumar quanto para ouvir. “As peças desses rádios atuais são todas da China, os antigos são totalmente nacionais, é muito mais fácil de mexer. E uma vez que conserta é muito difícil de estragar de novo, porque são resistentes, não quebram fácil como os de hoje. Além disso, a procura é grande na compra também porque para ouvir é melhor, as estações funcionam em todo lugar, para ouvir jogo as pessoas gostam muito”, ressaltou.
Vitrola
A outra queridinha dos nostálgicos é a vitrola. Com a volta da fabricação de LP’s a procura pelo conserto desse aparelho também aumentou. De acordo com a fábrica Vinil Brasil, de São Paulo, se tudo der certo, um botão vai acionar a prensa de duas toneladas nos próximos meses e marcar o início da segunda fábrica de discos de vinil da América Latina, com capacidade para até 140 mil bolachas por mês.
“A vitrola não é mais fabricada, mas o a procura por consertos também é muito grande, não é barato, mas para quem gosta, tudo vale a pena. Mesmo que a gente esteja vivendo em tempos digitais, as pessoas dão mais valor no som que sai da vitrola, elas costumam dizer que é melhor. Mas também tem a questão da relíquia, da antiguidade e do prazer de ter algo que é antigo, mas ao mesmo tempo tão bonito, dentro de casa”, destacou Fernando.