Em entrevista à Cidade FM, o médium destacou ensinamentos de Chico Xavier, falou sobre a mediunidade e o espiritismo
O médium Carlos Baccelli foi o entrevistado de ontem da Cidade FM; ele estava acompanhado de Divaldinho Matos (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
O médium e escritor Carlos Baccelli, de Uberaba (MG), esteve em Votuporanga ontem para participar das comemorações dos 43 anos do Grupo Espírita Maria de Nazaré. Antes da palestra que proferiu na instituição, ele concedeu entrevista ao Jornal da Cidade, da rádio
Cidade FM, acompanhado do líder espírita local Divaldinho Matos.
Autor de mais de 200 livros, sendo 11 em parceria mediúnica com Chico Xavier, Baccelli destacou que sua missão está ligada principalmente às cartas psicografadas que confortam famílias em luto. “As mensagens chegam como alento à dor da separação. É um trabalho que consola a alma humana”, disse.
Durante a entrevista, Baccelli relembrou sua convivência de mais de 25 anos com Chico Xavier, a quem considerava um amigo próximo. “Eu só posso dizer que, perto de Chico Xavier, eu me sentia mais perto de Jesus Cristo. Para nós, Chico foi um verdadeiro apóstolo do Evangelho. Chico sempre foi o mesmo, desde os 17 anos em Pedro Leopoldo até seus últimos dias em Uberaba. Recebeu mais de 100 títulos de cidadania, mas nunca se deixou alterar pela fama”, declarou.
Mediunidade
Ao falar de sua própria trajetória, Baccelli contou que começou a sentir os primeiros fenômenos ainda na adolescência. “Eu percebia a presença de espíritos ao lado da minha cama. Nem todos eram bons, nem todos queriam o meu bem. Quando nos aproximamos de espíritos sofredores, eles se aproximam de nós. Mas quando buscamos a oração e a reflexão, os bons espíritos nos inspiram e também se aproximam”, explicou.
Citando Allan Kardec, observou que a faculdade mediúnica não é exclusiva do espiritismo. “Kardec disse que médium é todo aquele que sente, em algum grau, a influência dos espíritos. A Bíblia, de capa a capa, é um livro de mediunidade. Os profetas e apóstolos eram médiuns, cada qual com sua capacidade”, afirmou.
Vida após a morte
Um dos momentos mais marcantes da entrevista ocorreu quando Baccelli foi questionado sobre o que acontece após a morte. “Allan Kardec dizia que o temor da morte faz parte do instinto de conservação, mas a vida prossegue. O espírito continua a estudar, a trabalhar e a evoluir, porque a vida espiritual é tão intensa quanto a terrena”, destacou.
Segundo ele, a ideia de que os espíritos passam a eternidade apenas em adoração não corresponde à realidade. “Nós não vamos para o mundo espiritual apenas para cantar hinos de louvor. O Criador não necessita disso. Do outro lado há vida, trabalho, aprendizado e ocupações”, explicou.
Baccelli lembrou ainda ensinamento de Chico Xavier sobre o tema: “Chico nos dizia que quase todo médium é meio autista, porque vive mais ligado às coisas do além do que às do mundo material. Ele próprio afirmava: ‘Se eu não me apegar a alguma coisa deste mundo, eu largo vocês’”, completou.
Psicografias
Ao comentar a psicografia de livros, Baccelli contou que não há um método rígido. “Certa vez perguntaram ao Chico como se dava a produção mediúnica. Ele respondeu: se a laranjeira tivesse que se preocupar em como dá laranjas, não daria nenhuma. É assim com os livros”, disse.
Ele citou alguns dos espíritos que costumam escrever por seu intermédio, como o médico Inácio Ferreira e o jurista Odilon Fernandes. “Quando eles sentem necessidade de escrever, me envolvem. É como se eu fosse tomado por essa inspiração”, explicou.
Crianças prodígio
Na parte final da entrevista, Baccelli respondeu sobre casos de crianças prodígio. Para ele, a reencarnação explica esses fenômenos. “São espíritos que já conquistaram conhecimentos em vidas anteriores e retornam para impulsionar o progresso da humanidade. Muitas vezes não é a primeira experiência deles apenas na Terra, mas também em outros mundos”, destacou.
Celebração
A entrevista antecedeu a palestra que o médium realizou no Grupo Espírita Maria de Nazaré, como parte da celebração dos 43 anos da instituição. “Para nós é uma alegria imensa voltar a Votuporanga. A cidade sempre foi uma extensão de Uberaba em nossas atividades doutrinárias”, concluiu.