Daniel Marques
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Seis cabeças de gado foram encontradas mortas em um período de um mês na Fazenda São José, localizada às margens do rio São José, na zona rural de Votuporanga. Os ataques, atribuídos a onças que circulam na região, foram confirmados pelo proprietário da área, em conversa com a reportagem do jornal A Cidade.

O dono das terras é o ex-prefeito de Votuporanga, Pedro Stefanelli. Ele relatou que a presença de extensas áreas de mata tem favorecido o comportamento natural dos felinos ao caçar. “O primeiro que a onça faz é beber o sangue, depois ela come as vísceras, aí ela leva onde tem uma moita de mato, enche de folhas e volta para comer em dois/três dias. A sorte nossa é que há muitas capivaras, javalis, muitos pequenos bichos, senão as onças atacariam muito mais o gado”, contou Pedrão, como é conhecido.

Em contato com a reportagem, a tenente Roberta Geraldi Aniceto, da Polícia Militar Ambiental de Votuporanga, explicou que o comportamento registrado na propriedade é compatível com o habitat natural das onças, que utilizam a zona rural como território e tendem a buscar presas mais acessíveis.

“É a mesma coisa que acontece com os macacos que invadem as casas em busca de alimento. E como ela está na ‘casa’ dela não tem o que ser feito. Ela é um animal da fauna silvestre nativo que é protegido por lei. Não se pode matar ou ferir a onça, portanto, se algum proprietário rural ver uma situação dessas, nada há o que se fazer. Apenas manter distância mesmo. O proprietário pode tentar cercar os animais com cerca elétrica, mas ele é um animal muito forte e consegue pular muito bem. Então é outra coisa a se observar”, observou.

A Polícia Militar Ambiental segue orientando produtores rurais sobre medidas preventivas e destacando a necessidade de convivência com a fauna nativa, especialmente em áreas de vegetação preservada.

Na região Noroeste do Estado de São Paulo – onde se situa Votuporanga – o felino mais comum a aparecer é a onça-parda (também chamada de suçuarana ou puma, nome científico puma concolor).

A onça-parda é reconhecida por sua grande capacidade de adaptação: ela ocorre em variados ambientes – desde florestas densas até regiões abertas, pastagens e áreas agrícolas – o que favorece sua sobrevivência mesmo em territórios modificados pelo homem.

Estudos apontam que, em São Paulo e em outras regiões do Sudeste e Sul do Brasil, a onça-parda se mostra mais resistente à fragmentação do habitat do que felinos de hábitos mais restritos, sendo frequentemente registrada em zonas rurais, remanescentes de mata e bordas de pastagem. 

Por isso, os relatos de onças próximos a áreas rurais – como fazendas ou propriedades que margeiam matas ou rios – tendem a envolver preferencialmente a onça-parda, em vez de Onça-pintada, que exige habitats mais preservados.